Muitas das quase 1000 corridas da história da Fórmula 1 tiveram algum tipo de discórdia ou polêmica. Dentre essas, dez merecem destaque particular: dias antes da milésima etapa da categoria, o GP* lista as maiores controvérsias das últimas décadas

 

A Fórmula 1 viveu corridas tensas e de vitórias dramáticas. Provas acidentadas e de espera sem fim por conta da intempérie. Mas também testemunhou GPs altamente controversos nestas quase sete décadas de existência. E muitos desses episódios ainda permeiam a imaginação do fã, como as batidas no auge da rivalidade entre Ayrton Senna e Alain Prost no fim dos anos 80 e começo dos 90. Ou as polêmicas decisões de títulos envolvendo Michael Schumacher. Ou ainda as ordens de equipe da Ferrari.

Por isso, neste momento em que a F1 alcança a marca de 1.000 GPs, o GRANDE PREMIUM lembra as provas mais controversas da história recente da maior das categorias do automobilismo. 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
(Nelson Piquet em 2008)

GP da Europa de 1997 – Schumacher joga o carro em Villeneuve, mas perde título

Três anos depois da polêmica na Austrália, Michael Schumacher chegou novamente na última corrida da temporada, agora em Jerez, na Espanha, com um ponto de vantagem para o segundo colocado. Piloto da Ferrari, o alemão tinha 78 pontos contra 77 do canadense Jacques Villeneuve, da Williams.

Villeneuve largou na pole, mas foi superado por Schumacher antes da primeira curva. O alemão se manteve na primeira posição, que lhe daria o seu terceiro título mundial, até a volta 48, quando o canadense freou tarde na curva 6 e colocou por dentro de Schumacher, que em movimento semelhante ao de 1994, colidiu contra o carro do rival. Porém, o espaço na curva era maior do que em Adelaide e o alemão da Ferrari parou na caixa de brita. Villeneuve teve problemas no radiador, mas seguiu na pista e cruzou a linha de chegada em terceiro, conquistando o seu único título mundial e o último da Williams. Em julgamento realizado no mês seguinte, a FIA concluiu que a atitude de Schumacher foi antidesportiva, o desclassificando do campeonato.
(Jacques Villeneuve em 1996)

GP da Áustria de 2002 – Ferrari ordena Barrichello a entregar vitória para Schumacher

Não há dúvidas de que 2002 foi um dos anos mais mágicos de um piloto na história da Fórmula 1, mas Schumacher acabou saindo com uma pequena mancha em sua trajetória após o GP da Áustria, a sexta etapa daquele campeonato. Rubens Barrichello, seu companheiro de equipe na Ferrari, foi o melhor nos treinos, fez a pole-position e liderou a corrida praticamente de ponta a ponta.

Porém, a Ferrari ordenou que Barrichello entregasse a posição para Schumacher por motivos de campeonato, semelhante ao ano anterior, mesmo com o alemão sustentando uma vantagem de 21 pontos sobre o vice-líder Juan Pablo Montoya. Barrichello diminuiu a velocidade e permitiu a ultrapassagem de Schumacher na reta de chegada, motivando vaias dos fãs presentes no circuito e uma multa de 1 milhão de dólares para a Ferrari aplicada pela FIA, além do banimento das ordens de equipe ao fim daquele ano.
(Rubens Barrichello em 2002)

GP dos EUA de 2005 – Indygate, a corrida dos seis carros

O auge da “guerra de pneus” da F1 entre Michelin e Bridgestone aconteceu no circuito de Indianápolis, em 2005. Ralf Schumacher, da Toyota, sofreu um grave acidente no treino de sexta-feira após rodar na curva 13 por conta do estouro do seu pneu traseiro esquerdo. A corrida do ano anterior também teve acidentes, incluindo um com Ralf, ocasionados por problemas com o pneu Michelin. Os compostos da fabricante francesa não suportavam a inclinação da curva e o asfalto abrasivo, diferente dos pneus Bridgestone.

Inúmeras discussões aconteceram ao longo do final de semana com o objetivo de encontrar uma solução que evitasse outros acidentes graves. Uma chicane no lugar da curva foi mencionada e aprovada por boa parte do paddock, mas sem chegar a uma unanimidade por conta da Ferrari, as sete equipes abastecidas pela Michelin optaram por não correr, deixando o grid apenas com os carros de Ferrari, Jordan e Minardi. Michael Schumacher venceu a prova debaixo de muitas vaias do público local. O contrato para a realização da corrida não foi renovado após a edição de 2007, e a F1 só retornou aos Estados Unidos em 2012.
(Largada do GP dos EUA de 2005)

GP de Singapura de 2008 – Piquet bate de propósito para ajudar Alonso

A primeira corrida noturna da história da F1 e a de número 800 de sua história provavelmente foi a mais controversa de todas. Nelsinho Piquet, então piloto da Renault, se acidentou sozinho na curva 17, ainda na 14ª volta da corrida. O safety-car entrou na pista, boa parte dos pilotos aproveitaram para ir aos boxes, onde abasteceram e colocaram novos pneus, o que beneficiou Fernando Alonso, companheiro de Piquet na Renault, que parou antes da entrada do carro de segurança e venceu sua primeira corrida naquele ano. A prova prejudicou o campeonato de Felipe Massa, que foi vítima de uma trapalhada da Ferrari no pitlane, e terminou apenas em 13º.

Um ano depois, Nelsinho foi demitido da Renault e fez uma denúncia na FIA sobre a manipulação do resultado da corrida. Após uma minuciosa investigação, a federação determinou o banimento de Flavio Briatore, chefe de equipe, e suspensão do engenheiro Pat Symonds. Com a crise interna, Renault perdeu o patrocínio do banco ING e foi vendida para a Lotus em 2011, retornando ao grid apenas em 2016.
(Nelson Piquet em 2008)

GP da Austrália de 2009 – Hamilton é desclassificado após mentir para comissários

Lewis Hamilton terminou sua primeira corrida após o título mundial de 2008 na quarta colocação. O inglês, que competia pela McLaren, foi promovido ao terceiro lugar após a direção de prova penalizar o italiano Jarno Trulli, da Toyota, com a adição de 25s ao tempo de corrida por ter ultrapassado Hamilton durante o período de safety-car. Em sua defesa, Trulli citou que a McLaren estava lenta, quase encostando o carro, e entendeu que havia algum problema mecânico com o inglês, e que poderia executar a ultrapassagem.

Por sua vez, Hamilton citou que a equipe não permitiu que ele desse passagem para Trulli. Durante uma reunião antes do GP da Malásia, a FIA conseguiu a transmissão de rádio comprovando que a McLaren pediu para Hamilton dar passagem ao italiano. Como resultado, ele e a equipe foram desclassificados do GP da Austrália por tentarem enganar a direção de prova. Diretor-esportivo da McLaren, Dave Ryan foi suspenso e demitido da equipe dias depois da polêmica.
(Lewis Hamilton em 2009)

GP de San Marino de 1982 – Boicote da FOCA deixa grid com 14 carros

Nelson Piquet e Keke Rosberg foram desclassificados do GP do Brasil daquele ano após os comissários descobrirem reservatórios de água nos dois carros, tornando os mais leves. A decisão revoltou as equipes que faziam parte da Associação de Construtores da Fórmula Um, a FOCA.

Após uma reunião no GP de Long Beach, as equipes Brabham [de Piquet], McLaren, Williams [de Rosberg] e Lotus decidiram boicotar a prova de San Marino. O GP só não teve seis carros no grid por conta da desistência do boicote das equipes Tyrrell, Osella, ATS e Toleman, que precisavam de dinheiro. Eles se juntaram à Ferrari, Alfa Romeo e Renault, que faziam parte da FISA, formando um grid de apenas 14 carros. A prova foi vencida por Didier Pironi, que desrespeitou ordem de equipe da Ferrari e ultrapassou o companheiro Gilles Villeneuve, que faleceu após uma acidente durante a classificação do GP da Bélgica, a prova seguinte do campeonato.
(Didier Pironi em 1982)

GP do Japão 1989 – Senna vs. Prost, Parte 1

A penúltima prova da temporada 1989 tinha o seguinte cenário: Alain Prost, da McLaren, tinha 16 pontos de vantagem para o companheiro de equipe Ayrton Senna, e o brasileiro precisava vencer a corrida em Suzuka para manter as esperanças de título vivas. Senna largou na pole, mas foi superado por Prost logo na largada. O francês conseguiu manter uma boa vantagem por boa parte da prova, até o brasileiro o alcançar na volta 40 e iniciar uma memorável perseguição buscando a ultrapassagem.

Na volta 46, Senna finalmente viu a oportunidade e mergulhou por dentro na chicane que antecede a reta dos boxes do circuito. Prost o fechou e os dois colidiram. O francês abandonou a prova, enquanto Senna, com a asa dianteira danificada, retornou para a pista, trocou o bico nos boxes e ultrapassou Alessandro Nannini para ganhar uma prova memorável. Porém, ele acabou desclassificado por cortar a chicane, em decisão que até hoje provoca ira nos fãs, dando a vitória para Nannini e consagrando Alain Prost como tricampeão mundial.
(Ayrton Senna e Alain Prost em 1989)

GP do Japão 1990 – Senna vs. Prost, Parte 2

Após o título de 1989, Prost se transferiu para a Ferrari em 1990, e a situação se reverteu quando a temporada chegou novamente ao Japão, na penúltima corrida daquele ano. Senna tinha nove pontos de vantagem, e o francês precisava de uma vitória para levar a disputa de título para a Austrália.

O brasileiro largou na pole e novamente foi superado por Prost na luz verde, mas Senna “se vingou” da polêmica do ano anterior ao colidir com o rival logo na primeira curva. A direção de prova decidiu seguir com a corrida, e ele conquistou o seu segundo campeonato, de forma bem controversa por conta da atitude antidesportiva. A corrida foi vencida por Nelson Piquet.
(Ayrton Senna e Alain Prost em 1990)

GP de San Marino 1994 – Mortes de Ratzenberger e Senna

A etapa de Ímola em 1994 é por larga margem a mais triste da história da Fórmula 1. O treino de sexta-feira trouxe um susto após o grave acidente de Rubens Barrichello, mas o pior ficou guardado para o sábado e o domingo. Durante a classificação, o austríaco Roland Ratzenberger, da recém-formada Simtek, bateu com violência na curva Villeneuve, a mais de 300km/h, sofrendo graves fraturas no crânio e no pescoço e falecendo poucos minutos após dar entrada no hospital.

Já no domingo, Ayrton Senna, agora na Williams, bateu contra o muro na curva Tamburello, na sétima volta, e morreu horas depois no hospital. Discussões sobre a realização do evento seguem até hoje, principalmente pela possibilidade de Ratzenberger e Senna terem morrido já na pista, o que impediria o prosseguimento do Grande Prêmio, que foi vencido por Michael Schumacher.
(Roland Ratzenberger em 1994)

GP da Austrália 1994 – Schumacher conquista título após acidente com Hill

A temporada de 1994 seguiu e chegou na Austrália para a decisão do campeonato com dois postulantes ao título. Michael Schumacher, da Benneton, tinha 92 pontos contra 91 de Damon Hill, da Williams. Schumacher largou em segundo e superou Nigel Mansell na largada, pulando na liderança e seguido pelo rival, que venceria o campeonato caso chegasse na primeira colocação.

Na volta 35, Schumacher errou a curva 5, bateu levemente contra o muro e permitiu a aproximação de Hill, que ao tentar tomar a liderança da corrida na curva 6, foi fechado pelo então jovem alemão, que parou no muro. O inglês da Williams tinha o caminho para conquistar o título mundial em uma virada surpreendente, mas a suspensão dianteira esquerda ficou bastante danificada e ele precisou abandonar, dando o primeiro dos sete títulos mundiais para Michael Schumacher.
(Damon Hill e Michael Schumacher na Austrália em 1994)

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