A temporada 2019 do Mundial de F1 se encerrou no último domingo (1) e já deixa saudades por conta das grandes histórias que produziu ao longo de um ano dos mais intensos dos últimos tempos

Se é verdade que a temporada 2019 do Mundial de F1 proporcionou um campeonato de certa forma previsível e dominado por Lewis Hamilton, hexacampeão do mundo com todos os méritos, também é verdade que o esporte viveu um dos anos mais marcantes dos últimos tempos pelo fato de produzir grandes e deliciosas histórias.

A temporada que se encerrou no último domingo (1) rendeu momentos de glória, redenção e renascimento para o esporte. Impossível não citar o outrora inimaginável regresso de Robert Kubica ao grid de largada oito anos depois de quase perder o braço no mais grave acidente da carreira; a volta da McLaren ao pódio com o ótimo Carlos Sainz; e a volta por cima da Honda, que saiu da sombra da desconfiança e do fracasso para ter a chance de celebrar novamente poles e vitórias na F1.

O que dizer, por exemplo, da montanha russa de emoções vivida por Pierre Gasly? De rebaixado da Red Bull depois de um primeiro semestre abaixo da crítica para renascer no seu retorno à Toro Rosso com direito a um pódio incrível no Brasil.

Ao mesmo tempo, a equipe taurina ousou ao promover Alexander Albon, anglo-tailandês dono de outra grande história depois de um ano em que começou como piloto da Nissan da Fórmula E e terminou como um talento promissor da Red Bull para o futuro.

Ah, 2019! Vai ser difícil esquecer a grande sequência de ótimas corridas… Sequência que veio justamente depois do pior GP dos últimos os tempos. Mas, como na vida, nada como um dia após o outro, e a F1 viveu alguns dos seus melhores momentos do ano com disputas emblemáticas na Inglaterra, Áustria, Alemanha e Hungria, além de outras corridas memoráveis, como o maravilhoso GP do Brasil.

E, obviamente, não dá para deixar fora mais uma página incrível escrita por Lewis Hamilton na história da F1. Segundo homem a alcançar a marca de seis títulos mundiais, o britânico caminha para ser o maior campeão da história, além de se destacar não apenas pelo que faz dentro da pista, mas pelos seus importantes posicionamentos a respeito de questões humanitárias e fundamentais à sociedade.

Seguramente, a temporada que se foi vai dar muito trabalho ao roteirista de ‘Drive to Survive 2’ na sua missão de contar as melhores histórias do campeonato. Se como um todo este foi um ano difícil, de retrocesso e de muitas grandes perdas, 2019, ao menos na F1, vai deixar saudades.

A seguir, o GRANDE PREMIUM elenca algumas das grandes histórias que fizeram de 2019 um ano dos mais marcantes da Fórmula 1 nos últimos tempos.

10 – A volta de Kubica
 

Independentemente dos resultados obtidos na pista, Robert Kubica pode se considerar um vencedor. O polonês vivia o auge da carreira quando sofreu o gravíssimo acidente no Rali Ronde di Andora em fevereiro de 2011. Com lesões extremamente severas no braço direito, Kubica teve sua carreira praticamente encerrada. Só que o piloto, ao mesmo tempo em que se recuperava lentamente, jamais desistiu de um dia voltar ao grid da F1. Fez até provas do Mundial de Rali nos últimos anos, mas nunca deixou de lado seu grande amor nas pistas.

O piloto ficou no ‘quase’ em 2018, quando perdeu a vaga de titular da Williams às vésperas do início da temporada para Sergey Sirotkin. Mas o que era improvável virou realidade neste ano, que não foi nada fácil para Kubica. Mesmo sendo derrotado por 21 a 0 pelo jovem companheiro de equipe, George Russell, Robert fechou seu último ano na F1 com o único ponto da Williams em 2019, sendo décimo lugar na Alemanha.
(Robert Kubica, Williams, Barcelona, F1 2019)

9 – O fim do jejum
 

2019 foi de raros bons momentos para Sebastian Vettel. Sem ter mais Kimi Räikkönen ao seu lado como ‘segundão’, o tetracampeão viveu uma temporada em que foi pressionado pelo jovem Charles Leclerc. E em meio à ascensão do monegasco na Ferrari e na F1 como um todo, o alemão sofria cada vez mais com erros e críticas, além de ouvir costumeiras perguntas sobre seu futuro no esporte.

A pressão tornou-se ainda maior depois da falha absurda em Monza, diante dos tifosi, com o alemão vendo Leclerc festejar a vitória que sempre sonhou. Mas se serviu de consolo, duas semanas depois Vettel finalmente quebrou um jejum que já durava 13 anos. Com atuação irretocável em Singapura, Seb derrotou seu colega de equipe na base da estratégia para voltar a vencer na F1. Foi seu único triunfo em toda a temporada.
(Sebastian Vettel e a vitória em Singapura (Foto: Ferrari))

8 – Fase iluminada
 

O começo da temporada foi de alternância entre corridas ótimas e outras razoáveis. Mas o GP da França, disparado o pior da temporada e dos últimos anos, fez com que a F1 e o circuito de Paul Ricard recebessem várias críticas. Era chegada a hora de um momento de reflexão: o que fazer para melhorar o espetáculo?

A sequência da temporada tratou de responder. Silverstone, Red Bull Ring, Hockenheim, Hungaroring, Spa-Francorchamps e Monza, essas duas depois das férias da F1, renderam alguns dos melhores momentos do ano no esporte.

A série de incríveis GPs foi um dos pontos altos do campeonato, com grande destaque para o insano GP da Alemanha vencido por Max Verstappen e Sebastian Vettel em segundo depois de ter largado no fim do grid e Daniil Kvyat fechando o pódio improvável. No fim das contas, a resposta foi uma só: a F1 precisa de circuitos de verdade e com alma para render o espetáculo que todos querem ver.
(A briga de Hamilton, Bottas e Verstappen (Foto: Pirelli/Twitter))

7 – Dor e vitória
 

31 de agosto foi um dos dias mais tristes do ano para o automobilismo. A morte trágica de Anthoine Hubert no início da corrida 1 da F2 em Spa-Francorchamps comoveu o mundo do esporte e deixou o fim de semana do GP da Bélgica de luto.

Na F1, os amigos mais próximos do promissor francês eram Pierre Gasly e Charles Leclerc. Gasly vivia um momento novo depois de ter sido rebaixado da Red Bull para a Toro Rosso. E o monegasco vivia uma jornada iluminada em Spa. Minutos antes de ver o amigo morrer, Leclerc faturou a pole-position.

Sem ter tempo de digerir direito o que aconteceu, o piloto da Ferrari largou no domingo por Hubert. Lutou muito e resistiu à intensa pressão imposta por Hamilton nas voltas finais. Foi assim que Charles venceu pela primeira vez na F1. Uma vitória toda dedicada a Anthoine Hubert e sua família.
(Divulgação/Ferrari)

6 – O surreal Albon
 

Alexander Albon viveu um 2019 que beirou o inacreditável. De piloto da Nissan para a Fórmula E, o anglo-tailandês foi contratado pela Toro Rosso, voltando a ser membro do programa da Red Bull depois de sete anos. A habitual desconfiança sobre um nome tão jovem se desfez com uma temporada bastante consistente correndo pela equipe de Faenza. Em contrapartida, a equipe de Milton Keynes se via insatisfeita com o oscilante Pierre Gasly, que não se encaixou ao RB15.

Ao fim da primeira parte da temporada, a Red Bull não teve dúvidas: trocou Gasly por Albon, que teve a grande chance da carreira. E o piloto não comprometeu, entregando aquilo que a escuderia taurina dele esperava: presença constante na zona de pontuação. Ficou muito perto do seu primeiro pódio no GP do Brasil, que só não aconteceu por conta da batida provocada por Hamilton. Mas o trabalho bem feito de Alex garantiu uma vaga em um dos carros mais cobiçados da F1 em 2020.
(Divulgação/Red Bull Content Pool)

5 – A epopeia de Sainz
 

O GP do Brasil foi o palco de alguns dos melhores momentos da F1. Um deles foi a epopeia de Carlos Sainz. O espanhol, que já era considerado um dos grandes nomes do campeonato, viveu um princípio de fim de semana difícil em Interlagos. Ao GP, Carlos chegou a dizer que o pódio não seria realista sequer em 2020. No sábado, uma quebra de motor no início do Q1 o levou à inglória última posição do grid.

Mas nada como um dia após o outro. Dono de uma reação fantástica, Sainz encaixou uma das melhores pilotagens da vida e, na esteira de uma corrida insana, cruzou a linha de chegada na quarta colocação. Depois de Hamilton ter sido punido pelo incidente com Albon, o espanhol subiu para terceiro e levou a McLaren a festejar com ele no pódio brasileiro. O resultado foi fundamental para Sainz terminar o Mundial em sexto lugar, sendo o melhor do resto e campeão simbólico da F1 B. Um belíssimo ano de Carlos Sainz na F1.
(Carlos Sainz, McLaren, pódio, GP do Brasil)

4 – A redenção de Gasly
 

Um dos pilotos mais contestados e criticados do ano na F1, sobretudo na primeira parte do campeonato, foi Pierre Gasly. O jovem e talentoso francês foi promovido para a Red Bull depois de um ótimo ano de estreia com a Toro Rosso. Mas desde a pré-temporada, passou a ser contestado pela falta de performance e também pelos erros cometidos

Helmut Marko e Christian Horner se encheram e decidiram mandar Pierre de volta para a Toro Rosso e promoveram Albon para a Red Bull. Mas a mudança, por incrível que pareça, foi benéfica para o francês. O ponto alto da jornada de Gasly foi no Brasil.

Gasly ganhou posições graças à ótima tocada e também às falhas e problemas dos seus adversários. Nas voltas finais, se viu em segundo, muito pressionado por Hamilton. O jovem mostrou muita bravura para resistir aos ataques do hexacampeão até a linha de chegada em Interlagos. Festa da Toro Rosso e festa de Gasly, que encontrou redenção.
(Pierre Gasly (Foto:Rodrigo Berton/Grande Prêmio))

3 – A nova McLaren
 

De todas as equipes do grid em 2019, não há dúvidas sobre a que mais evoluiu ao longo do ano. A McLaren deixou a condição de mera participante da F1 nos últimos anos para voltar a ocupar um lugar de destaque no esporte.

Claro que a lendária equipe de Woking não tem ainda o patamar dos tempos gloriosos de outrora, mas não faz mais feio como foi nos últimos anos, marcados pela falta de resultados.

A McLaren de 2019 mostrou ainda algumas deficiências, como nos pit-stops, mas se apresentou de maneira bem mais robusta desde o início. Venceu a desconfiança pelo fato de ter a mais jovem dupla do grid e, com Carlos Sainz e Lando Norris nos carros e Andreas Seidl no comando, fez a melhor campanha em cinco anos.

E, para coroar o bom momento, veio o inesperado pódio com Sainz no Brasil. Quarta força da F1, a McLaren teve muitos motivos para sorrir neste ano que se vai.
(Divulgação/McLaren)

2 – Virada nipônica
 

Em um ano, a Honda deixou de ser motivo de chacota para voltar a virar sinônimo de vitória na F1. Desde que voltou ao Mundial como fornecedora de motores da McLaren, em 2015, a fábrica japonesa não conseguiu nem de longe mostrar a eficiência dos tempos em que foi consagrada com títulos na Williams e na McLaren nas décadas de 1980 e 1990. A realidade da Honda no início da era híbrida foi a pior possível, mas a volta por cima veio neste ano.

Após uma temporada que serviu de laboratório na Toro Rosso para uma parceria maior envolvendo a Red Bull, 2019 começou com um pódio, na Austrália. Na sequência, grandes resultados, como as vitórias de Max Verstappen na Áustria, Alemanha e no Brasil — em um fim de semana dominante —, e os pódios surpreendentes de Kvyat em Hockenheim e de Gasly em Interlagos. Por fim, a Honda ajudou Verstappen a terminar o Mundial de Pilotos à frente de Leclerc e Vettel.
(Festa da Honda e Red Bull com vitória no GP do Brasil (Foto: Honda Racing))

1 – A consagração de Hamilton
 

Como vinho, Lewis Hamilton fica cada vez melhor com o passar do tempo. Em 2019, o britânico pavimentou mais um pouco do seu caminho para chegar à condição de maior campeão da história da F1. O enorme passo dado neste ano de 11 vitórias e do hexacampeonato mundial foi bastante representativo esportivamente. Em uma temporada irretocável, Hamilton pontuou em todas as 21 corridas do ano e festejou seu sexto título com duas corridas de antecipação, fazendo a festa nos Estados Unidos.

Mas Hamilton consegue ser ainda mais importante fora das pistas. Principal voz da F1 dos últimos tempos, o hexacampeão é a personalidade do esporte que sai do lugar comum e se posiciona a respeito de alguns dos mais importantes temas, chamando a atenção para pautas como racismo, desigualdade social, sustentabilidade, veganismo e preservação do meio ambiente.

Enorme nas pistas, Hamilton tem o mérito de entender o tamanho que tem e de saber usar sua plataforma de milhões de seguidores e admiradores para passar uma mensagem positiva e ajudar a sociedade a refletir sobre quais caminhos seguir. Por todo o conjunto da obra, não há como apontar outro nome que não seja Lewis Hamilton como o nome do ano na Fórmula 1.
 

(Valtteri Bottas e Lewis Hamilton)

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