TV se abasteceu com Fittipaldi, ganhou força com Piquet e levou categoria para o grande público com Senna. Barrichello e Massa também tiveram suas vitórias narradas na emissora que não renovou os direitos para 2021

Das transmissões quase artesanais, com constantes problemas de áudio e imagem, passando pelo programa Sinal Verde, pelo Tema da Vitória, até os dias dos gráficos futuristas… Do amor e ódio por Galvão Bueno e Cleber Machado aos elogios a Reginaldo Leme e Everaldo Marques… Da reportagem local do correspondente Hélio Costa ao adeus com a especialista Mariana Becker… O fã brasileiro de F1, pelo sim ou pelo não, tem uma ligação intensa com a TV Globo, que confirmou na última semana que não exibirá o Mundial a partir deste ano.

A história da F1 no país ficou associada à emissora carioca para gerações e gerações. Evidentemente que, quando essa TV começou a transmitir a categoria devidamente, em 1972, já existia a história de uma competição que havia começado pelo menos duas décadas antes. Ainda assim, depois de tantos e tantos anos no ar em madrugadas, manhãs e tardes de domingo, uma era produto da outra aos olhos do grande público. Só mais recentemente, veio o entendimento de que poderia se fazer mais por uma relação que ficou desgastada ao longo do tempo.

Se a falta de brasileiros no grid, mais do que isso, brasileiros ganhando corrida contribuiu para isso (a última vitória foi ainda com Rubens Barrichello, em setembro de 2009), pode se dizer que o público e emissora então se acostumaram mal.

“Desde que a Globo começou a transmitir Fórmula 1, em 1972, ela começou a transmitir um evento em que tinha um brasileiro ganhando. Portanto, já havia ali um sucesso com o qual as pessoas gostam de se identificar”, disse o diretor da emissora Luiz Fernando Lima, em documentário do Memória Globo, que foi ao ar em 2012.

Antes das transmissões para o Brasil partirem para a Band, como fechado em acordo com o Liberty Media até pelos menos 2022, o GRANDEPREMIUM relembra neste 10+ algumas das mais marcantes corridas que foram exibidas pela TV Globo, com enfoque nos momentos em que brasileiros foram os protagonistas, o que se tornou uma especialidade da casa ao longo dos anos. 

O começo de tudo

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A televisão como um todo só chegou mesmo ao circo da F1 na década de 1970. A pulverização de imagens dos carros pela pista, já que antes a corrida era filmada com duas ou três câmeras, atraiu um público em princípio curioso.  Coube então a Emerson Fittipaldi abrir caminho também nesse quesito conquistando o seu primeiro título mundial, em 1972, com a vitória no GP da Itália. A Rede Globo transmitiu a prova para o Brasil. Dois anos depois, o bi de Fittipaldi em Watkins Glen, foi a primeira transmissão feita pela Globo no exterior. Helio Costa, correspondente nos EUA, foi o repórter. A narração foi de Luciano do Valle, com comentários de Giu Ferreira.

Queda do sinal na disputa do título

O GP da África do Sul de 1983 valia simplesmente o segundo título mundial de Nelson Piquet. Mas as dificuldades na transmissão da última prova da temporada era tanta que o sinal vindo via satélite direto de Kyalami calou Galvão Bueno e Reginaldo Leme. Coube então a Léo Batista, que estava no estúdio no Rio, segurar a transmissão por mais de cinco minutos, ainda nas voltas iniciais. No final, com Piquet se beneficiou da quebra do rival Alain Prost e chegou na terceira posição, o suficiente para levantar mais um troféu.

Época de ouro

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Se os brasileiros foram praticamente apresentados à F1 com os títulos de Fittipaldi, no GP do Brasil de 1986, esse público já estava mais do que acostumado com a bandeira verde-amarela no alto do pódio. O que dizer então quando Piquet e Ayrton Senna fizeram uma dobradinha para o país em pleno autódromo de Jacarepaguá, no Rio? O Tema da Vitória, que não era para vitórias brasileiras como depois ficou conhecido, foi pouco. A F1 na Globo, com Galvão, vivia sua época de ouro na década de 1980. 

Emoção na madrugada

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“O Brasil inteiro aguarda. Ayrton Senna do Brasil. Campeão mundial de 1988”. Assim Galvão narrou o primeiro título mundial de F1 daquele que também foi seu grande amigo. Depois de narrar dois dos três títulos de Nelson Piquet, não é exagero dizer que o recorde de vitórias (oito) no campeonato foi um tanto mais emocionante no GP do Japão, disputado na madrugada brasileira por conta do fuso-horário. A prova inteira foi uma “venda de emoções”, já que Senna caiu para fora do top-10 e remou tudo que precisava para conquistar o título.

Enfim a primeira vitória no Brasil

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Desde que entrou na F1, Senna perseguia a primeira vitória em casa. Foram, no entanto, sete oportunidades perdidas entre batidas na trave, quebras e até desclassificação. Sob a voz do amigo Galvão, veio enfim a primeira vitória sobre o conhecido drama de fazer sete voltas com apenas a sexta marcha. No rádio, uma novidade para o grande público da época, os gritos emocionados do piloto foram marcantes na história das transmissões esportivas para o país, justamente no GP do Brasil, em 1991.

Segurou o Leão no braço

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No início da década de 1990, Galvão já era a voz oficial da F1 no Brasil. Mas, no final de 1991, havia saído da TV Globo para liderar o projeto da Rede OM, no Paraná. Os narradores para a temporada seguinte então eram Luiz Alfredo, Oliveira Andrade e um ainda jovem Cleber Machado. Coube a esse último narrar o tradicional GP de Mônaco, em que Senna simplesmente ‘segurou no braço’ Nigel Mansell e o estupendo FW14, como bem resumiu o narrador. As ruas apertadas do principado ajudaram o brasileiro a impedir a ultrapassagem do inglês mesmo tendo equipamento inferior ao rival.

A morte ao vivo

(Foto: André Avelar/Grande Prêmio)

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O 1º de maio de 1994 é aquele dia em que você se lembra exatamente onde estava e com quem estava na hora do GP de San Marino. Na TV, a morte de Senna, um ídolo do esporte, foi transmitida ao vivo do circuito de Ímola. Enquanto a equipe médica atendia o tricampeão, era possível perceber a voz embargada de Galvão. Mais tarde, já com a corrida encerrada, o sempre temido Plantão da Globo informou “uma notícia que nunca gostaríamos de dar”: “Ayrton Senna da Silva está morto. Morreu Ayrton Senna da Silva. Comunicado oficial do hospital, Maggiore, de Bolonha”, disse o repórter Roberto Cabrini. 

Hiato do Tema da Vitória

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Depois de sete anos de espera, o Brasil voltou a ouvir o Tema da Vitória, no GP da Alemanha de 2000. Rubens Barrichello, em seu primeiro ano de Ferrari, fez o país voltar no tempo ao subir no lugar mais alto de uma prova em que se valeu da estratégia de pneus em um ‘chove e não molha’ para vencer. O “capricha que hoje é seu dia, Rubinho” de Galvão foi também o desejo mesmo de quem fez piada com o piloto que ainda não tinha vencido na F1. Nos comentários, o ex-piloto e amigo de Barrichello, Luciano Burti, também chorou. 

‘Hoje não, hoje não, hoje sim’ 

Outro momento marcante das transmissões no país que envolveu Barrichello foi narrado por Cleber, com comentário de Reginaldo. No GP da Áustria de 2002, na sexta corrida de um campeonato ganho desde o início, a Ferrari ordenou uma troca de posições entre o primeiro e o segundo colocado. Michael Schumacher ultrapassou o brasileiro a metros da linha de chegada para vaias ensurdecedoras da torcida no autódromo. O ‘hoje não, hoje não, hoje sim’, do narrador, ficou para a história. Mas o comentário de Regi também mereceu destaque: “Foi a derrota histórica da vitória, que jamais será esquecida”. 

Campeão por 38 segundos

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Apesar do favoritismo de Lewis Hamilton — que viria a ter na década seguinte grandes momentos narrados na TV Globo para o público brasileiro — a festa estava toda armada. Galvão Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti começaram a se empolgar com a real possibilidade de título de Felipe Massa, no GP do Brasil de 2008. O inglês, ainda na McLaren, não estava no seu melhor fim de semana; enquanto Massa estava ainda mais vibrante em Interlagos e repetiu a vitória de dois anos antes. Galvão foi à loucura com a conquista do título, mas logo a imagem mostrou Hamilton fazendo a ultrapassagem que faltava (chegou na 5ª posição) para conseguir o ponto a mais e assim levar o título.

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