De erros nos pit-stops a problema crônico nos freios, equipe norte-americana contribuiu em episódios de extremo constrangimento, que culminaram só agora nas saídas do francês e do dinamarquês. Time é o nono colocado na F1 2020

Lá na frente, Romain Grosjean" target="_blank">Romain Grosjean e Kevin Magnussen não serão lá muito bem lembrados pela Fórmula 1. O francês e o dinamarquês, dispensados da Haas na semana passada, ainda antes do GP de Portugal, tiveram seus bons momentos na categoria mas, nos últimos anos, viraram motivo de chacota também por uma extrema falta de habilidade da equipe norte-americana em lidar com situações adversas de toda ordem e que assim contribuíram para o fracasso da dupla.

De batidas entre os pilotos a um midiático chefe de equipe, de erros nos pit-stops a um aparente problema crônico nos freios… Tudo contribuiu para a Haas se encontrar na decepcionante nona posição do Mundial de Construtores, com apenas três pontos (um nono lugar de Kevin e um décimo de Romain), à frente somente da Williams, que ainda não pontuou nas 12 das 17 corridas do calendário modificado pela pandemia do novo coronavírus. 

Pode ser que Grosjean, de 34 anos, e Magnussen, de 28, até voltem à Haas ou mesmo à F1. Nunca se sabe. O primeiro já deixou mais claro que deseja sair da categoria e reconheceu que a Fórmula E e o projeto da Peugeot no WEC em 2022 são caminhos atraentes; já o segundo, se limitou a dizer que está trabalhando em projetos futuros e não deu pistas sequer se ainda tentará permanecer com um lugar entre os tão cobiçados 20 carros do grid. 

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O 10+ desta semana, portanto, traz os erros da Haas que ajudaram no fracasso de Grosjean e Magnussen:

Insistência nos pilotos

Desde sua estreia na F1, formada do zero, sem ter herdado nenhuma estrutura, a Haas teve apenas três pilotos titulares. O projeto de continuidade do trabalho pode até ser visto com bons olhos, mas respostas técnicas de fora do triângulo Esteban Gutiérrez no primeiro ano, Romain Grosjean e Kevin Magnussen a partir de 2017 seriam bem-vindas. Evidentemente que os três tiveram suas contribuições, mas faltou alguém com mais peso para liderar a equipe e assim carregar o segundo piloto. Bem verdade que Charles Leclerc estreou na Sauber e Antonio Giovinazzi bateu em seu teste – ambos pilotaram o carro da Haas em treino livre, em 2016 e 2017 respectivamente, antes de ingressarem para valer na F1.

Impunidade em acidentes bobos

Quando a coisa ainda nem tinha degringolado, Grosjean e Magnussen já vinham desperdiçando o dinheiro da Haas. Em 2018 — o melhor ano da equipe, quando ficou com a surpreendente quinta colocação entre os Construtores, em uma briga franca com a endinheirada Renault e à frente da McLaren — o francês se perdeu na primeira volta do GP da Espanha e fez um strike ao voltar para a pista de forma imprudente. Como se não bastassem outros acidentes bobos, também tiveram impunes encontrões com o companheiro de equipe, como no GP da Inglaterra da temporada seguinte. Nessa ocasião, os dois saíram da prova e tiveram que ir para a salinha do chefe de equipe.

Gunther Steiner, Haas, Netflix,
Steiner por vezes pareceu se preocupar mais com as gravações para o ‘Drive to Survive'(Foto: Reprodução/Twitter/@HaasF1Team)

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Ótimo chefe (para a série da Netflix)

Por isso, só depois desse episódio em Silverstone, quando Grosjean tocou em Magnussen e deixou a Haas zerada na tradicional corrida do calendário, que o chefe de equipe Gunther Steiner decidiu dar um ultimato aos pilotos. Mais do que isso, o midiático engenheiro chegou a insinuar que demitiria um dos dois “nos próximos dias”. Nada disso aconteceu a não ser outro ótimo episódio para a série documental ‘Drive to Survive’, da Netflix, em que se propõe mostrar os bastidores do Mundial de Fórmula 1. Nesse trabalho inclusive, foi possível perceber a distância do coproprietário, o norte-americano, Gene Haas, com a equipe. A impressão foi de que estava tudo bem mesmo com o time sem comando.

Déjà vu de erros nos pits 

Em 2018, logo na abertura da temporada, Magnussen e Grosjean caminham para serem ‘os melhores do resto’, atrás só de Mercedes, Ferrari e Red Bull, quando depois dos pits em Melbourne, os dois pilotos sofreram com rodas mal-encaixadas no carro e tiveram de abandonar. Não contente com o vexame, no ano seguinte, também no GP da Austrália, Grosjean, que estava dentro da zona de pontos, parou nos boxes e ficou com outra roda solta ao sair. Um déjà vu. Ou seja, por mais que os pilotos da Haas não fossem excepcionais, pelo menos poderiam se encontrar mais bem posicionados se não fossem erros consecutivos.

Problema crônico nos freios

Andar acima dos 300 km/h, sempre no limite da pista e, ainda por cima, sem que os freios atuem em uma performance convincente é demais para qualquer piloto. Sendo assim, a Haas não poderia querer algo diferente com Grosjean e Magnussen. O histórico de problema no pedal da esquerda no carro parece ser crônico. Com discos de fibra de carbono da Brembo, da Carbon Industrie ou qualquer outro testado ao longo desses anos, os carros sofrem com superaquecimento dos freios. Na primeira corrida de 2020, no GP da Áustria, os dois pilotos tiveram o mesmo problema e deixaram a prova.

Grosjean, Magnussen, Haas, F1 2020
Grosjean e Magnussen tiveram de abandonar na abertura da temporada, na Áustria, por problemas nos freios (Foto: Reprodução/Twitter/@HaasF1Team)

Empolgação com os resultados

Quando ainda conquistava lá seus pontinhos e, em 2018, ano em que sonhava ser a quarta melhor equipe do Mundial, a Haas parece ter dormido no ponto do desenvolvimento. Hoje é possível ver que é como se Steiner e sua turma tivessem se empolgado demais com o resultado e esquecido de trabalhar na evolução do carro (o que aí também é possível jogar na conta dos pilotos). Inicialmente, tendo a Ferrari como parceira, a Haas optava por comprar pronta todas as peças ao invés de desenvolvê-las. O procedimento tende a não dar certo no longo prazo e foi escancarado no VF-20.

Pano para batida com safety-car

Muitos dos acidentes de Grosjean são lambanças das grandes — ele já rodou na saída dos boxes de um treino livre para o GP da Inglaterra. Em vários deles houve uma passada de pano. Evidentemente que a culpa deve recair no piloto, mas a equipe tem sim a sua contribuição. Na maior das lambanças, talvez, nas apertadas curvas do GP do Azerbaijão, em 2018, o #8, que vinha da última posição por um erro na classificação, fazia uma tremenda prova de recuperação até que perdeu o controle da sua Haas e bateu contra o muro de proteção. No rádio, um engenheiro chegou a sugerir que o francês havia sofrido um toque do carro que vinha atrás. Longe disso. Nos boxes, o piloto mostrou seu lado esquentadinho e jogou a luva contra uma parede, quase acertando um mecânico. Ao que se sabe, nenhuma providência foi tomada.

Ridicularização do patrocinador

As situações constrangedoras provocadas na pista eram tantas que até mesmo a patrocinadora principal, a misteriosa Rich Energy decidiu ridicularizar a Haas. Em julho de 2019, a empresa de bebidas energéticas decidiu simplesmente ir às redes sociais e dizer que estava rompendo com a equipe em função do péssimo desempenho. “Nossa meta é superar a Red Bull e ficar atrás da Williams na Áustria foi inaceitável”, dizia o comunicado. As entrelinhas do contrato provavelmente mostraram que uma saída não poderia ser fácil assim, mas a imagem já estava pra lá de manchada. 

Haas, Magnussen,
A nona colocação do dinamarquês é a melhor posição da equipe na temporada (Foto: Reprodução/Twitter/@KevinMagnussen)

Sem planejamento futuro

Diante de tantos erros para quem sonhou, e esteve perto de ser grande (média), seria de bom tom retomar a auto-estima da equipe com, se não dois, pelo menos um nome novo para o grid de 2021. Se pudesse ser um Sergio Pérez, preterido por Sebastian Vettel na Racing Point, futura Aston Martin, melhor. O alemão Mick Schumacher, da Academia de Pilotos da Ferrari e filho do heptacampeão, e o russo Nikita Mazepin, com um aporte milionário do pai, são os favoritos para as vagas — Pietro Fittipaldi e Louis Deletraz correm por fora por no máximo um dos assentos. Mesmo assim, de qualquer forma, esses últimos seriam aprenderiam mais do que ensinariam mais a Haas.

Indiferença aos Estados Unidos

A bandeira norte-americana no bargeboard não esconde as origens. Irmã da Stewart-Haas Racing, a equipe de F1 tem sede na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Além de maior mercado e apoio da torcida no GP que acontece no Circuito das Américas, no Texas, traria fôlego à equipe algum tipo de intercâmbio com os pilotos do automobilismo norte-americano. Não precisaria ser alguém da Nascar, tampouco uma ação de marketing como foi feito com Tony Stewart, já que essas são realidades completamente distintas. O time poderia ser incrementado com uma oportunidade para nomes da Indy como os americanos Alexander Rossi ou Josef Newgarden por exemplo. As condições dadas a esses poderiam ser melhores do que as dadas à dupla que se despede da Haas.

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