Com um começo de temporada com poucas possibilidades de surpresa, que tal olharmos para o passado da Fórmula 1?

Chegamos em março – mês que, se tudo der certo, marca o início da temporada 2021 da Fórmula 1. Em tempos de domínio da Mercedes e de Lewis Hamilton, a maioria dos fãs – ouso dizer até aqueles que torcem para o inglês – estão desejando algum chacoalhar no equilíbrio de forças. A verdade é que, com poucas mudanças permitidas nos carros para este ano, isso dificilmente acontecerá.

Por isso, vamos olhar para o passado, relembrando quando, de alguma forma, a F1 nos surpreendeu com um vencedor inesperado na abertura do campeonato. Ou, melhor dizendo, mais ou menos inesperado: a realidade é que a categoria não é lá muito pródiga em nos chocar logo no primeiro GP do ano.

A lista a seguir vai da abertura de campeonato mais recente para a mais antiga. Vamos acelerar para o passado?

Rosberg com a Mercedes de 2014 (Foto: Pirelli)

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GP da Austrália de 2014

O ano de 2014 representou um ponto de virada na história da F1 conteporânea. Foi o momento da adoção dos motores turbo híbridos, algo que mudou o equilíbrio de forças da categoria.

Naquele começo de 2014, sabia-se que as unidades de potência da Mercedes eram as melhores – e a equipe prateada, que havia conquistado aqui e ali alguns resultados interessantes até então, surgia como uma nova grande força na pré-temporada.

Porém, treino é treino e jogo é jogo. Será que as Flechas de Prata seriam, realmente, flechas? O carro teria confiabilidade em condições de corrida? Ferrari e, principalmente, Red Bull se colocariam próximas da luta pela vitória?

Por isso, o resultado final do GP da Austrália de 2014 talvez não seja tão surpreendente por quem venceu, mas sim pelo domínio conquistado pelo time alemão naquele fim de semana.

Lewis Hamilton fez a pole no sábado nem com tanta facilidade, é verdade. No domingo, o inglês teve uma quebra de motor e abandonou logo na segunda volta. Isso abriu caminho para a verdadeira surpresa: uma direção completamente tranquila de Nico Rosberg, na outra Mercedes. O alemão liderou todas as voltas, fechando a corrida em primeiro com uma vantagem de 26,7s para o segundo colocado, um ainda mais surpreendente Kevin Magnussen, estreando pela McLaren.

Se aquela foi uma fagulha de sucesso antes de tempos piores para a McLaren, a vitória de Rosberg representou o início do amplo domínio da Mercedes – que, com alguns poucos baixos e muitos altos, se mantem até hoje.

GP da Austrália de 2013

Parece outro mundo quando lembramos da Fórmula 1 de 2013, mas nem faz tanto tempo assim. A ex-equipe Renault, que agora em 2021 passa a se chamar Alpine, atendia pelo nome de Lotus naqueles tempos – e, mesmo sem ter uma estrutura tão forte quanto Red Bull e Ferrari, gostava de chamar a atenção.

Em 2012, o time tirou Kimi Räikkönen, campeão de 2007, de um período sabático – e o finlandês chegou a ter, ainda que distante, chances matemáticas de título na reta final do ano. Porém, a surpresa maior foi no comecinho da temporada seguinte.

Em um GP da Austrália com muita alternância (foram dez trocas na liderança), Räikkönen largou em sétimo e fez uma prova consistente. No 43º giro, o piloto assumiu a liderança e levou seu carro preto e dourado até a linha de chegada. Foi a penúltima vitória na carreira de Kimi, que voltaria a vencer apenas em 2018.

Räikkönen, por ser o vitorioso no primeiro GP, ficou na liderança do campeonato, algo que perderia na corrida seguinte para Sebastian Vettel. Valeu o sonho.

GP da Austrália de 2009

A história da Brawn GP é, certamente, uma das mais bonitas da história da F1. A antiga Honda, que nunca havia feito nada de tão marcante até então, foi deixada à própria sorte após os japoneses desistirem da categoria.

A equipe se viu obrigada a adaptar os motores da Mercedes ao carro daquele ano. Porém, o bólido tinha inovações aerodinâmicas surpreendentes, principalmente na forma de seu difusor traseiro. Esse, junto com a qualidade das usinas alemães, era o trunfo.

Por isso, a nova Brawn GP foi bem nos testes de pré-temporada, ainda que muitos levantassem a possibilidade de estar fora do regulamento para chamar a atenção de possíveis patrocinadores – por conta das circunstâncias, o time tinha um orçamento extremamente apertado e nenhuma marca em sua carenagem.

Tudo isso se dissipou quando a circo da F1 chegou em Melbourne, para o GP da Austrália. Jenson Button foi o pole, com Rubens Barrichello colocando o outro carro do time na segunda posição. No dia seguinte, Button dominou a prova após o brasileiro ter uma largada complicada. Vitória na estreia da equipe.

Não era blefe. E o inglês seria campeão do mundo naquele ano.

GP da Austrália de 1999

Naquele final de anos 1990, Eddie Irvine era apenas o escudeiro de Michael Schumacher. O alemão já tinha fama de moer os companheiros de equipe, enquanto o irlandês tinha como principal função somar pontos no Mundial de Construtores. E era isso.

Depois de um 1998 com a McLaren como grande força, a F1 voltou para a Austrália se perguntando se a Ferrari – a de Schumacher – poderia finalmente ter um ano para acabar com o jejum de títulos no Mundial de Pilotos, que vinha desde 1979.

Enquanto isso, Eddie Irvine se classificou em sexto – e era isso. Mas a sorte começou a mudar quando Schumacher teve problemas na partida da volta de apresentação, sendo obrigado a largar lá de trás do grid. Depois, Mika Häikkinen, na McLaren #1, teve problemas no acelerador quando liderava, abandonando.

Caminho livre para Irvine, que venceu o primeiro GP da carreira naquela quente tarde australiana. Mais para frente naquele ano, após Schumacher quebrar a perna em um acidente no GP da Inglaterra, o irlandês teve que assumir o posto de primeiro piloto do time italiano – e perdeu o título para Häikkonen na última prova, por dois pontos.

GP da Austrália de 1997

Voltando um pouco mais no tempo, chegamos em 1997. Naquela época, a McLaren vivia tempos difíceis. Desde 1993 o time não conquistava vitórias na F1, e desde 1995 vivia uma busca por perfomance em uma parceria com a Mercedes.

A verdade é que, naquele começo de ano, esperava-se uma disputa entre Williams e Ferrari, com a Benetton podendo comer pelas beiradas. E qual foi a surpresa quando David Coulthard, na estreia da McLaren prateada, partiu do quarto lugar no grid para vencer a prova – se valendo do alto número de abandonos, que eram comuns na época?

Foi a segunda vitória de Coulthard na F1, e o prenúncio do renascimento da McLaren – que se consolidaria com títulos em 1998 e 1999.

GP do Brasil de 1994

Essa vitória é ainda mais surpreendente para nós, brasileiros. É que, naquela época, a Williams tinha um carro que era considerado “de outro mundo”. E Ayrton Senna, melhor piloto do grid, foi para o time inglês após a aposentadoria de Alain Prost. É só somar um mais um para saber o que todos esperavam.

No entanto, nem tudo era tão simples. As ajudas eletrônicas, como o controle de tração, foram proibidas naquele ano, dificultando as coisas para a Williams. Enquanto isso, a Benetton havia encaixado um bom conjunto – e tinha um Michael Schumacher motivado.

Senna fez a pole daquele GP em casa e liderou as primeiras voltas. No pit-stop, com o retorno do reabastecimento, o alemão teve uma parada mais rápida e superou o brasileiro. Senna, então, partiu no encalço de Schumacher, até que, forçando a Williams até o limite após o segundo pit, errou, rodou no meio da pista e abandonou.

Vitória de Michael Schumacher, a terceira na carreira – e uma enorme frustração para o público em Interlagos.

GP do Brasil de 1989

O ano de 1988 representou um enorme domínio da McLaren. Alain Prost e Ayrton Senna só não venceram um GP, o da Itália, que foi conquistado pela Ferrari de Gehard Berger na bacia das almas.

Ainda que com os motores turbo banidos no ano seguinte, era de se esperar um domínio da McLaren na abertura de 1989, em Jacarepaguá. Se fosse para surpreender, a chance maior seria da segunda força daquela temporada, a Williams. Só que não foi assim.

Senna teve dificuldades durante aquele GP do Brasil, com problemas logo na largada, e ficou sempre longe das primeiras posições. O embate lá na frente, então, sobrou para Riccardo Patrese (Williams), Alain Prost e Nigel Mansell.

O Leão ficou com a vitória, a primeira de um estreante pela Ferrari desde Mario Andretti, em 1971. No entanto, foi fogo de palha: a equipe italiana só teria mais duas vitórias em 1989 e ficaria longe da luta pelo título, que foi resolvido entro os muros da McLaren mais uma vez.

GP da Argentina de 1979

Chegamos ao final dos anos 1970. Naquela época, o equilíbrio de forças da Fórmula 1 era muito mais imprevisível, ajudado pela diversidade técnica das equipes e o alto índice de quebras. Surpreender, digamos assim, não era tão difícil.

Porém, talvez nada os tenha preparado para aquele começo de 1979. A equipe francesa Ligier já tinha tido uma surpreendente vitória em 1977, em seu segundo ano na categoria, mas aquele começo de temporada foi ainda melhor.

Deixando de lado os motores Matra e usando os rápidos e confiáveis Ford-Cosworth, os franceses dominaram aquele GP da Argentina. Jacques Laffite fez a pole com um segundo à frente do segundo lugar, o companheiro de equipe Patrick Depailler. Na corrida, só os dois lideraram, com Laffite ficando com a vitória com 14s à frente da Lotus de Carlos Reutemann, que corria em casa.

Laffite ainda venceria a prova seguinte, no Brasil, em uma dobradinha da Ligier. Porém, o domínio francês foi efêmero. A Ferrari recuperou o tempo perdido com inovações na aerodinâmica e deu aquele título para Jody Scheckter.

Vale dizer que 1979 representa o ano de outra surpresa: o surgimento da Williams, que engatou cinco vitórias em seis corridas no meio da temporada. No ano seguinte, o time inglês ganharia o seu primeiro mundial.

GP da Argentina de 1977

Já que falamos da Williams, vale lembrar outra surpresa que, de alguma forma, está ligada ao fundador do time.

Em 1975, o empresário canadense Walter Wolf investiu na então Frank Williams Racing Cars, criando a Wolf-Williams no ano seguinte. No final de 1976, Wolf tirou Frank Williams do time, que foi renomeado Walter Wolf Racing para a temporada seguinte.

Naquele começo de 1977 o grid tinha o então campeão James Hunt (que fez a pole em Buenos Aires) na McLaren, a famosa Tyrrell de seis rodas, Niki Lauda na Ferrari, Mario Andretti na Lotus e muito mais. Quem apostaria na Wolf, que só inscreveu um carro, para Jody Scheckter? Pois deveria.

Em uma disputa com o brasileiro Carlos Pace, que sofria com superaquecimento dentro de sua Brabham, o sul-africano assumiu a liderança já nos giros finais. Vitória de Scheckter, a primeira da Wolf.

O time com licença canadense venceria em mais duas oportunidades naquele ano, mas, após um 1978 complicado e um 1979 desastroso, fecharia as portas para sempre tempos depois.

GP da África do Sul de 1967

Essa talvez tenha sido a vitória em corrida de abertura de campeonato mais surpreendente da história da F1, por diversos motivos.

Para começar, a equipe Cooper, que havia revolucionado a categoria introduzindo o motor traseiro, estava já em seus momentos finais. Além disso, o mexicano Pedro Rodríguez, que até então acumulava apenas oito GPs na Fórmula 1, foi contratado para competir junto com Jochen Rindt.

Quando o circo da categoria chegou para a prova de estreia do circuito de Kyalami, em 2 de janeiro, ninguém imaginava o que estava por vir. Jack Brabham, na equipe que levava o seu nome, foi o pole, mas perdeu a liderança para o companheiro, Danny Hulme, após rodar.

Em seguida, Hulme teve problemas e foi aos boxes, em uma época que isso era bem mais complicado do que hoje em dia. A liderança acabou nas mãos de John Love, um piloto da Rodésia (atual Zimbabwe) em um Cooper-Climax privado com motor de quatro cilindros. O piloto acabou ficando sem combustível, se vendo obrigado a ir para os boxes faltando sete voltas para o fim – deixando a vitória para Rodríguez, no Cooper de fábrica.

Aquela foi a primeira vitória na carreira de Pedro Rodríguez, e a primeira do México na F1. Rodríguez venceria mais uma vez, em 1970. Depois, o hino mexicano só tocaria no pódio em 2020, com Sergio Pérez.

Aquela conquista de 1967 também foi a última das 16 vitórias da Cooper, um time bicampeão, na Fórmula 1.

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