Lyn St. James quebrou diversos paradigmas e abriu muitas portas para as mulheres no automobilismo. Com carreira vitoriosa, coleciona não apenas grandes resultados, mas também recordes e memórias de quando estava nas pistas

Lyn St. James. Nome tão curto, mas com significado gigante não apenas para o automobilismo, mas também para as pilotas. Em seus tantos anos nas pistas, tratou de empilhar impressionantes resultados e foi uma das principais responsáveis na abertura de portas para as mulheres no esporte.

A norte-americana nasceu no dia 13 de março de 1947 em Willoughby, Ohio, chamando Carol Gene Cornwall. Mas pouco depois que sua mãe deu a luz mudou para Evelyn. Após casar com John Carusso, mudou seu nome para Lyn Carusso, que pouco depois viraria Lyn St. James como nome profissional – a ideia foi emprestada da atriz Susan Saint James. Após seu divórcio, mudou legalmente ao nome já mundialmente conhecido.

Correndo sempre nas principais categorias do esporte a motor mundial, deixou sua marca bastante impressa. A competidora é bastante conhecida por sua jornada na Indy, nos Estados Unidos, onde teve diversas participações nas 500 Milhas de Indianápolis que lhe renderam prêmios e um importante reconhecimento para chamar de seu.

Mas não foi apenas isso que fez em seu caminho. Lyn conta no currículo com duas vitórias nas 24 Horas de Daytona, um triunfo nas 12 Horas de Sebring, duas participações nas 24 Horas de Le Mans, vitória na classe em que correu nas 24 Horas de Nürburgring, além de ser a única mulher a vencer uma corrida de GT do SportsCar disputando sozinha, na corrida internacional de Watkins Glen.

Com bagagem tão notável, é possível passar horas e horas escrevendo sobre tudo o que fez e o que conquistou. Mas melhor do que isso, se deixe levar pelas próprias memórias de St. James no texto abaixo.

Lyn St James com Dick Simon (Lyn St James com Dick Simon (Foto: Reprodução))

CARREIRA

A trajetória de Lyn começou em 1973, competindo em corridas amadoras no Clube de Carros Esportivos da América, quando tinha 26 anos. Depois, passaria por grandes categorias como Indy (CART e IRL), Mundial de Endurance, SportsCar, entre tantas outras. Mas de onde surgiu o sonho de viver profissionalmente do automobilismo? “Amava dirigir e amava dirigir rápido”, conta ao GRANDE PREMIUM.

“Fui a corridas como espectadora, primeiro em uma drag racing em Ohio, depois a Indy 500, depois corridas de resistência na Flórida [24 Horas de Daytona, 12 Horas de Sebring] e então descobri o Clube de Carros Esportivos da América. Entrei no da região da Flórida, fui para a escola de pilotagem e nunca mais olhei para trás. Não pensei em fazer mais nada desde então. Acho que é o desafio”, continua.

Lyn ainda explica que encontrou resistência no início por ser mulher, mas faria tudo novamente com uma pequena mudança. “Obstáculos pelo gênero eram mais difíceis no começo. Mas quando você começa a vencer, as coisas começam a mudar. A única coisa que teria feito diferente é que teria começado mais cedo”, explica.

“Fiz uma pequena drag racing quando era adolescente e queria ter continuado a seguir no esporte depois. Agora é preciso começar cedo para ser o melhor. Queria ter conhecido os karts e todas essas formas de corrida. Acredito que as coisas acontecem quando precisam acontecer. Não tenho nada a reclamar”, completa.

Ao ser questionada sobre os altos e baixos da carreira, James prefere ignorar o que não deu certo. “Meu pior momento: muitos que não me lembro mais ou que não valem a pena serem falados. Meus melhores momentos: receber a bandeira quadriculada em minha primeira Indy 500, estar no pódio em Daytona, pilotar debaixo da ponte da Dunlop enquanto corria as 24 Horas de Le Mans… Poderia continuar para sempre”, comenta.

Mas a ex-pilota reconheceu que nem sempre foram tudo flores. "[Já pensei em desistir] Mais vezes do que vou admitir ou compartilhar. Correr tem muitos altos e baixos, tendo mais baixos do que altos. Tudo se resume a descobrir o quanto você deseja fazer alguma coisa e não depender dos altos e baixos."

Lyn St James no início da carreira (Lyn St James (Foto: Reprodução))

INDY 500

Entre os tantos feitos de sua vida, um dos mais grandiosos foi ter corrido sete edições das 500 Milhas de Indianápolis. Sua estreia aconteceu em 1992, e neste mesmo ano já entrou para a história da categoria ao se tornar a primeira novata a ganhar o prêmio de Novata do Ano. Mas isso não foi tudo, já que, quando se aposentou em 2000, era a pilota mais velha do grid com 53 anos.

Em sua passagem pela tradicional corrida da categoria norte-americana, teve o melhor resultado na temporada de debute ao cruzar a linha de chegada na 11ª colocação. A melhor colocação de largada veio dois anos mais tarde, em 1994, quando saiu do quarto posto do grid. Na época, recebeu a bandeira quadriculada em 19ª.

Sobre a experiência em Indianápolis, fala que “foi um sonho que se tornou realidade ser capaz de correr nas 500 Milhas de Indianápolis. Levei três anos procurando um patrocinador [a JC Penney foi a 151ª empresa que contatei para o apoio] e ter o trabalho contínuo na pista para desenvolver as habilidades para me preparar para a Indy.”

 

“Dick Simon foi o único chefe de equipe que aceitou me dar uma chance. Ele levou mais estreantes para a Indy do que qualquer outro dono de equipe, nunca falhou em colocar um novato na pista, mesmo que nunca tenha conseguido o prêmio de Novato do Ano. Quando ganhamos o troféu de estreante [o qual nunca esteve na minha lista de objetivos], o significado de vencer com Dick foi maior do que ser a primeira mulher. Obviamente tenho muito orgulho da conquista”, completa.

A norte-americana ainda aproveita para comentar sobre ter sido a piloto mais velho do grid. “A Indy 500 de 2001 foi minha última corrida na Indy. Era a piloto mais velha do grid e o mais jovem era Sarah Fisher, que se formou em minha academia de desenvolvimento em 1996. Então tinham duas mulheres no grid pela primeira vez na história da corrida. Comentei que estaríamos nos livros”, pontua.

“Na realidade, é um mundo dominado por homens e acredito que as mulheres precisam definir metas e alcançá-las, independente de outras mulheres já terem conseguido ou não. Acredito em seguir seu coração e descobrir o que precisa fazer em sua vida, determinando se é ou não possível, e então fazendo tudo que é possível para fazer acontecer: preparar, preparar mais e ir atrás”, completa.

 

(Lyn St James em Indianápolis (Foto: Reprodução))

 

APOSENTADORIA

A aposentadoria de Lyn St James veio em 2001, quando anunciou sua saída da Indy aos 54 anos. Entretanto, seguiu ativa não apenas nas pistas, onde participou do Festival de Goodwood em diversas oportunidades, mas também em atividades não relacionadas ao esporte a motor.

“Minhas atividades não relacionadas a automobilismo me mantêm ocupada e estão expandindo. Eu me mantenho ocupada fazendo palestras, aparições pessoais, participando de reuniões de diretoria, corridas antigas, e trabalhando na Fundação RPM. Parece que meu papel como membro de conselhos sem fins lucrativos me fez aprender mais sobre entidades filantrópicas”, fala.

“Estou sempre maximizando a exposição para meus patrocinadores como também sou aberta a oportunidades que apoiam meus objetivos. Minha primeira oportunidade televisiva veio nos anos 80 quando fui convidada para coapresentar um especial sobre o GP de Miami”, continua.

“Já que vivia na Flórida e sabia bastante sobre a corrida, um canal da TV local me perguntou se poderia ser sua consultora e ajudar na apresentação do especial que estavam preparando. Eu me diverti, o programa foi indicado a um Emmy e isso trouxe outras oportunidades. Estava correndo na Trans Am, que era uma categoria de apoio da CART, e me pediram para ser a repórter do pitlane da Indy já que estava na maioria das pistas”, completa.

 

(Lyn St James (Foto: Reprodução))

MULHERES NO AUTOMOBILISMO

Sendo uma das únicas nove mulheres que se classificou para a Indy 500 e ainda conquistou o título de Novato do Ano, a pilota abriu portas e possibilidades para outras mulheres. Falando exclusivamente sobre mulheres, pintou o atual cenário do esporte a motor. “Acredito que é um momento importante agora apoiar o suficiente mulheres para que consigam resultados necessários para que equipes e patrocinadores arrisquem. As pessoas querem apoiar algo que tem sucesso”, sublinha.

Acredito que a comunidade do esporte a motor precisa investir em seu futuro e crescimento, e mulheres representam ambos. É preciso haver uma coalizão de financiamento que apoie a diversidade. Com um número suficiente de pilotas correndo conseguimos mostrar o exemplo de como apoiar a diversidade. A W Series é um bom exemplo desse tipo de apoio”, emenda;

Entretanto, a norte-americana entende que não há tantos incentivos para pilotas e isso pode tirá-las da trilha do automobilismo. “Meu medo é que mulheres sejam desencorajadas e por haver tantas opções para elas, talvez mudem de caminho. Sei que o automobilismo não é para todos e requer uma porção gigantesca de dedicação, desejo e vontade de sacrificar muito, mas seria uma pena perder o talento para outros esportes”, diz.

Gostaria de ver mulheres nos círculos de vencedores em todos os níveis ao redor do mundo. Gostaria de ver pilotas sendo bem-sucedidas em nível profissional, fazendo milhões, e demonstrando que nosso esporte é uma verdadeira reflexão de uma sociedade onde homens e mulheres podem competir uns contra os outros em nível igual. É isso que é o esporte e é aí que a sociedade precisa estar”, continua.

“Gostaria de ver pilotas sendo bem-sucedidas em nível profissional, fazendo milhões, demonstrando que homens e mulheres podem competir em nível igual”

E St James segue empenhada em estimular, ajudar e apoiar jovens competidoras a atingirem os mais diferentes níveis dentro do automobilismo. Inclusive, está à frente de alguns projetos como o Women in the Winne’s Circle Foundation, que busca preparar jovens competidores. Ainda, também está envolvida com o Women’s Sports Foundation, que busca ajudar mulheres nos mais diversos esportes.

“Após correr na Indy 500, meus e-mails de fãs cresceram enormemente e não eram apenas mensagens pedindo autógrafos. Muitas cartas tinham significado e perguntavam como ser bem-sucedido nas corridas. Não poderia apenas enviar um autógrafo a eles e não tinha como saber quão talentosos e dedicados eram. Então, após muita pesquisa e busca de informação com especialista, formei a Women in the Winner’s Circle Foundation [Fundação Mulheres no Círculo de Vencedores, em tradução livre] como uma maneira de me permitir educar e encorajar mulheres a buscarem a indústria automotiva como carreira e especialmente nas corridas”, pontua.

“Começamos o programa anual de desenvolvimento em 1994 e mais de 150 pilotos passaram por ele, de 34 estados e dois países, 80% sendo mulheres. Também faço parte do Conselho de Diversidade da Nascar, onde modero painéis sobre Mulheres no Automobilismo. Continuo a fazer o que posso para dar oportunidades para mulheres serem bem-sucedidas. Acho que agora, o esporte está em um ciclo em que tem necessidade de crescer e responder aos patrocinadores na área de diversidade. É mais uma necessidade agora do que antes. Temos de descobrir como quebrar o código e conseguir fazer com que as melhores pilotas escalem com sucesso a ladeira para vencer. Estou animada sobre Hailie Deegan e algumas outras que estão aparecendo”, conclui.

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