Grupo ativista canadense protesta contra a Sofina Foods, patrocinadora-máster da Williams e propriedade de Michael Latifi. Morte em frente a um dos abatedouros da empresa é alvo de polêmica

Com mais de 40 anos de história na Fórmula 1, a Williams viu diversos patrocinadores estampados em seus carros. Alguns se tornaram icônicos como a companhia aérea árabe Saudia, as câmeras Canon e os cigarros Camel e Rothmans, que marcaram a equipe em alguns títulos.

Para 2020, o contrato de patrocínio-máster com a RokiT foi rompido. No lugar, entrou a Sofina Foods, companhia de distribuição de alimentos canadense, desconhecida do grande público e propriedade do empresário iraniano Michael Latifi, que adquiriu a companhia em 2010.

Michael é pai de Nicholas, que virou piloto titular da Williams na temporada 2020. A Sofina acompanhou o piloto também nos tempos de Fórmula 2, estampando a Lavazza, marca de café italiana que faz parte do grupo de distribuição.

O Williams FW43 estampado pela Sofina (Foto: Divulgação/Williams)

As principais marcas da Sofina são conhecidas pelo processamento de carnes suínas e bovinas e de frango. Algumas delas, notórias no mercado canadense, são Fletcher’s, Cuddy, Mastro e Lilydale.

O conglomerado recebe vários protestos de organizações não governamentais da causa vegana. A mais notória delas é a Toronto Pig Save. Ativistas canadenses sempre estão na porta dos matadouros da empresa. O mais conhecido deles é o Fearman’s Pork Inc, localizado na cidade de Burlington, em Ontario.

Por anos, a ONG protesta contra a forma que os milhares de porcos são tratados pela empresa. Além de desidratação durante o transporte, eles são colocados colocados em uma gôndola e baixados em uma câmara de dióxido de carbono para intoxicação. Porém, muitos destes animais sobrevivem ao processo, e acabam mortos nas partes seguintes, de forma mais cruel.

Toronto Pig Save constantemente protesta em frente a abatedouro da Sofina (Foto: Toronto Pig Save)

Desde 2018, Sofina e Toronto Pig Save conversam para que exista um protocolo de segurança melhorado nos protestos na frente do abatedouro. Os ativistas querem que os caminhoneiros parem por dois minutos para o atendimento dos porcos. Porém, a situação das duas partes ficou marcada por uma tragédia.

No dia 19 de junho, durante um protesto no lado de fora do matadouro Fearman’s, a ativista Regan Russell, de 65 anos, morreu atropelada por um caminhão enquanto hidratava alguns porcos. A manifestação era contra o projeto de lei 156’, que corre Assembleia Legislativa de Ontario e visa proteger fazendas e abatedouros do risco de invasores. Algo que diretamente afeta nas ações dos ativistas.

O motorista do caminhão foi indiciado por “direção perigosa que resultou em morte”. O inquérito da polícia local apontou que o crime não foi proposital, o que não convence a Toronto Pig Save.

Regan Russell era ativista desde os 24 anos (Foto: Reprodução)

“Ele sabia do processo. Fazemos vigílias no Fearman’s nos últimos nove anos. Caminhões param de forma lenta na entrada. Regan estava parada quando foi acertada por um caminhão. Ele acelerou contra ele. Achamos que as acusações deveriam ser criminais, porque houve intenção de machucar”, declarou Anita Krajnc, cofundadora do movimento, que exige que a filmagem das câmeras de segurança sejam divulgadas.

A morte de Regan chocou o mundo do ativismo, inclusive chamando atenção do ator Joaquin Phoenix, que participou de uma vigília na Califórnia em homenagem.

“Embora sua trágica morte tenha causado profunda tristeza na comunidade animal, honraremos sua memória ao enfrentar vigorosamente as crueldades que ela tanto lutou para evitar, marchando com vidas pretas, protegendo os direitos indígenas, lutando pela igualdade LGBTQ e vivendo um vida vegana compassiva”, declarou o ator vencedor do Oscar ao site ETCanada.

Uma semana depois, a Sofina foi anunciada como a nova patrocinadora-máster da Williams. Em resposta, a Toronto Pig Save lançou o protesto “F1 Reject Sofina Blood Money” (F1, rejeite o dinheiro sangrento da Sofina, em tradução livre).

O protesto dos ativistas no GP da Áustria (Foto: Divulgação)

O manifesto da organização cita que a empresa “afirma ser motivada por valores de integridade, respeito, responsabilidade e cultura única de melhoria contínua. No entanto, Sofina e o diretor executivo Michael Latifi se recusam a acertar um acordo de segurança, onde os caminhões que transportam porcos ao abate parem voluntariamente por dois minutos para que os ativistas realizem trabalho com segurança. Isso acabou resultando na morte de Regan, que foi completamente trágica, evitável e desnecessária”, e pedindo para que a Fórmula 1 e as respectivas equipes se posicionem e rejeitam a presença da empresa no grid.

Antes do GP da Áustria, que marcou a estreia de Nicholas Latifi na Fórmula 1, um grupo de ativistas protestou em frente ao Red Bull Ring pedindo justiça pela morte de Regan.

Abordada pela reportagem do GRANDE PREMIUM, a Sofina apenas reproduziu uma nota publicada no site no dia da morte da ativista. “Nossos pensamentos e orações vão para a pessoa e sua família. É uma tragédia e estendemos nossas condolências a eles. Apesar de nenhum dos nossos funcionários estarem envolvidos no assunto, reconhecemos o impacto que este evento teve nos nossos empregados, e estamos dando todo o suporte nestes tempos difíceis”, declarou a empresa.

A equipe Williams, também procurada pela reportagem, não emitiu posição oficial à respeito do tema.

Em quatro corridas pela Fórmula 1, Nicholas Latifi não somou pontos. Seu melhor resultado foi o 11º no GP da Áustria. Em treinos classificatórios, não conseguiu bater de frente com o companheiro George Russell.

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