A Stock Car voltou cheia de protocolos, então Rafael Suzuki conta ao GP* como foi viver um final de semana de rosto coberto

Corretos ou não, funcionais ou não, os protocolos anunciados pela Stock Car foram colocados em prática durante o último final de semana, quando a categoria conseguiu abrir sua temporada 2020, em meio à pandemia, em Goiânia.

Por exemplo: quando alguém dos poucos alguéns com entrada permitida no autódromo, já era ameaçado – digo, testado em termos de temperatura com essa ‘arminha’ abaixo.

Entrada do autódromo de Goiânia (Foto: Duda Bairros/Vicar)

Pois bem: então o GRANDE PREMIUM pediu a Rafael Suzuki, de bom desempenho na capital goiana (4° no treino de classificação e dono de 14 pontos conquistados), para que ele mostrasse como foi viver durante três dias com o rosto coberto por máscara e escudo – ou ‘face shield’, como queiram.

Rafael Suzuki ao entrar no autódromo – sem necessidade de mãos para o alto (Foto: Full Time)

Foi a estreia de Suzuki pela Full Time Basani, e as reuniões com a equipe foram, também, realizadas de forma inédita. Sem salinha, sem poltronas confortáveis, sem privacidade. Tudo aberto.

Rafael Suzuki em reunião com a equipe (Foto: Divulgação/Full Time)

É possível perceber que a comunicação, que já não é das mais fáceis dentro de um autódromo – afinal, barulho de motor de forma constante -, fica um pouco complicada.

O vídeo gravado da conversa de Suzuki com a chefia mostra que o som sofre para se expandir passando por uma máscara, pelo escudo e com o ronco do V8 ao fundo.

Mas as conversas com a chefia só poderiam ser feitas após a pista ser detalhadamente analisada. E como foi passear sob o forte calor goiano com a cabeça lotada de apetrechos?

“‘Track walk’ é tranquilo, não tinha o barulho, então é sossegado. Todo mundo com máscara, ‘face shield’, foi mais tranquilo. Com o barulho (nos boxes), aí confesso que fia um pouco mais complicado. Alguma vezes a gente para o carro e o engenheiro vem perto, fica ali, nem fala pelo rádio, mas dessa vez foi tudo pelo rádio. Para não ter que ficar um com a cara na cara do outro ali, isso que mudou mais”, contou o #8.

“As reuniões foram mais periódicas, com carro na pista não tinha como ficar falando porque ninguém ia escutar. Mas nos intervalos conseguimos desenvolver uma conversa melhor”, seguiu.

Até o briefing foi feito de forma virtual, é bom citar.

Rafael Suzuki sob o sol goiano (Foto: Divulgação/Full Time)

Aliás, pausa na caminhada de Suzuki para um aviso: banheiros de autódromos são das coisas mais sujas já vistas pela humanidade. Mas se utilizou mesmo assim, passe um álcool em gel, por favor.

“Lava a outra, lava uma mão” (Foto: Duda Bairros/Vicar)

Com a pista estudada (e a mão lavada), hora de mexer no notebook e estudar os detalhes da telemetria.

Com tudo aberto, é bom esconder dos rivais. Vai que algum está de passagem por ali…

Com tudo estudado, dá tempo de uma pausa para o ‘media day’. Inclusive, boas poses mascaradas são possíveis. Hora de ser criativo.

Rafael Suzuki (Foto: Duda Bairros/Vicar)

A criatividade, inclusive, pode ser utilizada para as próximas etapas. Já que o escudo na cara é obrigatório, por que não fazer a troca do tradicional boné com as marcas estampadas, pela testeira dele?

“A gente até brincou que vamos ter que colocar os patrocinadores na testa, não dá pra colocar o boné por cima dele. Então ficava com ele ao contrário pra não apertar minha cabeça.”

No geral, Suzuki se acostumou com o uso de todas as proteções: afinal, a saúde vem em primeiro lugar. E, sem ela, não tem corrida.

“Não vou dizer que foi tranquilo, porque claro que tem difculdades da máscara, mas além da preocupação com a saúde em primeiro lugar, tem a segunda preocupação é que se alguém (Covid) pegar não corre, se eu pegar não corro. A primária é a saúde, mas procuramos tomar cuidado para não ficar exposto.”

E não só no autódromo: “Eu fiz minhas refeições no quarto (do hotel), pedi café no quarto, paguei a mais. Coisas que eram opcionais, procurei tomar o maior cuidado possível. Mas acho que todo mundo agiu assim. O pessoal está respeitando a regra. Dentro das possibilidades… A máscara todo mundo está meio acostumado, no começo incomoda, mas agora até sozinho estou de máscara.”

O dia da corrida começa com aquecimento. O bom é que como o suor virá com o Toyota Corolla bem quente, além da pista alcançando quase 60°C, a máscara e o escudo já servem para o corpo ir pegando o ritmo.

“A gente acostuma porque, quando está pilotando, corro de viseira fechada. Eu não ando de viseira aberta. Então acostumo a respirar no fechado. Mas, assim, quem tem claustrofobia não pode ser piloto. Foi tranquilo. Pulei corda no dia (de escudo facial), achei que ia cair, mas não caiu”, comentou.

Enquanto Suzuki aquecia, os mecânicos (dois a menos que o usual: de seis, passaram a ser permitidos quatro por box) ajustavam o carro.

Suzuki colocou o Corolla no 4° lugar do treino de classificação (Foto: Divulgação/Full Time)

Houve um momento em que tirar a máscara e o escudo foram permitidos.

Rosto livre para respirar, então? Pelo contrário…

Quente, mas o capacete laranja é realmente bonito (Foto: Duda Bairros/Vicar)

De qualquer forma, o sofrimento é esquecido durante as duas corridas de 30 minutos. Lá, a dor pode vir de outra forma, como o azar de um capô que resolveu voar, mas isso é outra história…

O capô quebrado do carro de Suzuki (Foto: Full Time)

“O sábado começou muito bem, consegui no shakedown me encontrar rápido com o novo carro na pista. O carro saiu bom, então já comecei a virar tempo rápido. Fizemos alguns testes nos treinos, mas sabia do potencial para a classificação. Claro que não ia afirmar que ia ficar ente os cinco (foi quarto). Mas de uma certa forma foi positivo.”

“Dá um ânimo diferente, nova equipe, novo trabalho, então internamente foi bom para todos. Do meu lado, consegui ter boa velocidade logo de cara. Sei que vou ter que trabalhar para manter. (Conseguir) Uma vez é uma coisa, outra é fazer mais. Sei do desafio. Mas internamente foi legal. Os mecânicos, engenheiros, é bom começar o ano com velocidade. Dá um push extra”, analisou.

E o capô? “Estamos tentando entender. Não sei o que aconteceu. Tomei um susto. Susto mesmo. Fez um barulhão. Mas eu não via o capo balançando. Geralmente cai porque já tá tremendo ou bateu em alguém, em algo. Foi um susto. Não sabemos o que foi. Não sei como a equipe arrumou tão rápido. Porque amassou até o teto, arrancou pedaço da asa traseira, arrancou retrovisor. Degolou. E em 15 minutos os caras arrumaram. Foi meio incrível.”

“E na corrida 2 tomei uma ‘para-choquetada’, o do Átila [Abreu] voou no meu para-brisa, quebrou. Fiquei tentando me adaptar. Demorei um pouco, mas lógico que atrapalhou, vidro trincado. Mas no final ainda chegamos em é sétimo. Estou feliz. Dava para mais ponto, mas de uma certa forma, foi um final de semana bom e de entrosamento logo de cara. E eu sempre vou dizer que ter a referência na equipe é muito legal, tem três caras muitos bons (Rubens Barrichello, Matías Rossi e Nelsinho Piquet) e pra mim, pessoalmente, é muito bom trabalhar com esses caras, porque muitos não acreditam em você até que algo aconteça. Agora é trabalhar para melhorar. Estou feliz com o começo, mas sei que vou ter que melhorar, evoluir, para poder continuar tendo chances boas como as de Goiânia.”

Rafael Suzuki conduz o #8 em Goiânia (Foto: Duda Bairros/Vicar)
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