No nono e derradeiro capítulo da seção Histórias de Interlagos, o GRANDE PREMIUM não traz apenas uma, mas uma série de histórias contadas por Raí Caldato, Hoje conhecido mundialmente por ser o designer do capacete do tetracampeonato de Lewis Hamilton, o campineiro se emociona ao contar como sua vida mudou e foi inspirada por Ayrton Senna

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Ao longo das últimas semanas, o GRANDE PREMIUM trouxe verdadeiras histórias de amor e devoção a Interlagos. Histórias contadas por fãs, amantes da velocidade e do automobilismo, que dão ao mais icônico circuito do esporte a motor no Brasil um ar de santidade, sendo mais do que justo a alcunha de ‘Templo da Velocidade’.

O desfecho da série ‘Histórias de Interlagos’, às vésperas do GP do Brasil de F1 neste fim de semana, traz uma verdadeira história de vida que foi transformada graças à sua presença ao autódromo desde criança. O olhar de menino que, das arquibancadas, viu o grande ídolo e desejou um dia estar do outro lado, envolvido de alguma forma com a F1. O sonho virou realidade, o menino tornou-se homem feito, mas o brilho no olhar… continua o mesmo.

O GP* conta a emocionante história de Raí Caldato. Ininterruptamente desde que a F1 aportou de volta a Interlagos, o campineiro fez do circuito paulistano quase como sua segunda casa. Lá presenciou momentos memoráveis, fez grandes amigos e viu o rumo da sua trajetória mudar desde que decidiu, ainda criança, viver do automobilismo. Tendo Ayrton Senna como sua maior inspiração, Raí tornou-se conhecido mundialmente neste ano ao ser escolhido por Lewis Hamilton em um concurso global para realizar o design de capacete usado pelo britânico em 2017.

E foi justamente com os traços desenhados por Raí Caldato que Lewis conquistou o tetra que não veio pelas mãos de Ayrton. Mas até que viesse a consagração daquele que hoje já é um dos grandes da F1, o designer encarou toda sorte de desafios. E quase desistiu. Mas uma mensagem dos céus lhe foi determinante para continuar sua caminhada.

Sua história de amor com a F1, Ayrton Senna e Interlagos começava na manhã de 25 de março de 1990, o domingo que marcava o reencontro do Mundial com São Paulo.

Com inspiração brasileira, na cabeça e no coração, Hamilton tornou-se verdadeiramente grande na F1 (AFP)

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“Eu gosto de F1 desde sempre. Tenho um tio de Fortaleza, o Mário. Ele e meu pai compraram os ingressos. Eu tinha 14 anos à época, achava que a F1 era um programa de adulto. Sempre fui muito tímido, nunca fui muito de pedir as coisas. Mas lembro que, na ‘hora H’, minha tia abriu mão de ir e deu seu ingresso. Então fomos eu, meu tio e meu pai. Lembro até da Luíza Erundina [nota da redação: Erundina foi prefeita de São Paulo à época e uma das responsáveis pela reforma de Interlagos e pelo retorno da cidade ao calendário da F1] dando volta num Opala, parando em cada curva para acenar ao público. Lembro que vários pontos [das áreas de escape], onde a grama ainda não tinha firmado, tinha muita terra”, relembra Raí.

“Mas o que marcou naquele ano foi chegar à Avenida Jangadeiro: aquela fila quilométrica, muita gente, nunca tinha visto tanta gente na vida. Teve boatos de superlotação, boatos de que a arquibancada poderia cair… estava um caos. Aí lembro do meu pai e meu tio caminhando, chegando lá, quando começou o warm-up. Cara [pausa para uma respiração profunda], eu comecei a tremer inteiro! A gente ainda estava na Jangadeiro, do lado de fora da pista, perto da entrada do Setor G, lá na Reta Oposta. E aí, lembro quando os carros saíram para o warm-up, e eu ouvindo tudo de fora. Fiquei descontrolado [risos]. Comecei a correr em direção ao Setor G sozinho, fiquei ensandecido, nunca fui assim”, conta.

“A hora que entrei em Interlagos e coloquei as mãos no alambrado, passou exatamente o Senna com aquela McLaren MP4/5 B Honda V10 maravilhosa, com um som espetacular… lembro que tremia, tremia o corpo inteiro. Uma sensação inexplicável. Sempre gostei muito de F1, mas, naquele instante, o gostar muito se tornou uma verdadeira paixão. E dali em diante, aquilo começou a moldar minha vida de alguma maneira. Naquela ocasião eu pensei: será que, em algum dia da minha vida, vou estar do lado de lá do alambrado? Estar na pista de alguma maneira? Como piloto, não sei se vai ser possível, mas como projetista, designer, designer de capacete… Lembro que já gostava de desenhar meus carrinhos, os capacetes, gostava de desenhar como poderia ser os carros da temporada seguinte, as evoluções… E naquele dia eu tive a certeza que buscaria isso para a minha vida. Eu tinha apenas 14 anos, e meninos nessa época não fazem planos tão sérios. Mas, naquela época, eu decidi que queria viver do automobilismo e, se Deus me permitisse, estar na pista, do outro lado do alambrado”, relata.

 

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Naquela corrida de retorno da F1 a Interlagos, Alain Prost, o ‘Professor’, venceu, com Gerhard Berger em segundo. Senna largou na frente e liderou 38 das 71 voltas da prova, mas após um incidente com Satoru Nakajima no Bico de Pato, terminou em terceiro. A primeira grande glória de Ayrton aconteceu no ano seguinte. E Raí estava lá, nas arquibancadas do famoso Setor G, para ser um espectador privilegiado daquela emocionante vitória.

“A gente tinha a certeza da vitória, mas a corrida foi uma angústia. Lá na Reta Oposta, a gente achava o som do MP4/6 estava esquisito. Claro que a gente não tinha conhecimento de saber que ele estava com uma marcha só, mas dava para saber que tinha alguma coisa errada, que o giro baixava ali no fim da Reta Oposta, na Descida do Lago, e a gente vendo o [Riccardo] Patrese inteiro, se aproximando. Deu um certo desespero, mas aí a primeira vitória no GP do Brasil foi de muito choro, muita alegria, muita comemoração. Foi um dia especial. Um grande desejo do Ayrton e dos fãs do Ayrton”, diz.

Porém, em que pese todo o drama daquele triunfo histórico e inédito de Senna em Interlagos, Raí traz na memória outra lembrança tão ou ainda mais marcante.

“Gostei demais da vitória de 1993. Porque era uma vitória muito improvável. E tudo o que é mais difícil, mais batalhado, também é mais gostoso. O McLaren MP4/8 Ford era um carro que a gente sabia que a briga era pelo terceiro lugar em condições normais. Os Williams Renault FW15C do Damon Hill e do Alain Prost eram imbatíveis em condições normais. E justamente pela imprevisibilidade da vitória e como ela aconteceu — o Senna fez um stop and go, deu uma escapadinha ali na Curva do Sol —, e aquela chuva, as variações climáticas todas daquele dia, 28 de março de 1993, para mim essa foi a mais especial”.
 

“Lembro que ainda tinha 17 anos, ninguém da minha família quis me levar, fui de carona com um desconhecido, voltei de carona, me virei para ir. Fui como deu e voltei como deu. Mas fiquei muito feliz porque foi uma vitória marcante, imprevisível. Foi maravilhoso por isso. O ano de 1993 inteiro foi muito especial. Mesmo não tendo sido campeão, foi a melhor temporada do Ayrton, me arrisco a dizer”, recorda.

Interlagos faz parte da vida de Raí, mas a história quase se encerrou em 1994. Meses após o frustrante GP do Brasil daquele ano, que teve Ayrton Senna rodando na Subida da Junção na sua estreia pela Williams, o tricampeão sofria o acidente fatal na curva Tamburello. Parecia ser o fim do caso de amor entre o jovem e a F1. Até que sua mãe interveio e o impediu de deixar de lado sua grande paixão.

“Até cheguei para minha mãe e disse que não queria mais saber de corrida, de F1. Foi quando ela me deu um puxão de orelha e disse: ‘Se o Ayrton ouvisse isso, ele ficaria muito triste. Então, se você quiser homenageá-lo, a melhor maneira é continuar vendo suas corridas, continuar indo para Interlagos todo ano. Isso era o que ele gostaria’. Segui as ordens da minha mãe e continuei indo até hoje”, afirma.

Raí Caldato lembra da dramática decisão de 2008: “Do céu ao inferno em segundos” (Felipe Massa celebra vitória no GP do Brasil de 2008 (Foto: Ferrari) )

Diante de tanta história, é impossível não recordar do GP do Brasil de 2008, aquele em que Felipe Massa quase conquistou o título mundial. “Foi espetacular. Infelizmente, o Massa foi campeão por alguns segundos, mas foi uma corrida emocionante, para a gente ficar em pé. A gente não esquece, todo mundo se abraçando nas arquibancadas, gritando ‘é campeão!’".

"E aí, de repente… aquele silêncio ensurdecedor. No telão, a gente via a festa na McLaren, o Anthony Hamilton comemorando muito. Ficou um silêncio que nunca vou esquecer. Até os carros que estavam na pista pareciam estar mudos. Foi impressionante. Aí a ficha caiu, a gente foi do céu ao inferno em oito segundos. Foi muito marcante”, relata.

Dois anos depois daquela decisão dramática, Raí Caldato começava a realizar seu sonho de se ver do outro lado do alambrado. 

“Mas o mais especial de todos os momentos em Interlagos talvez tenha sido o de 2010. Eu equipararia com a primeira vez em que fui a Interlagos e também com a vitória do Ayrton Senna em 1993. Foi quando ganhei o concurso do Bruno Senna, o ‘Helmet Challenge’, em 2010. Ele fez um concurso para homenagear os 50 anos que o Ayrton faria naquele ano. Teve uma peneira, e após isso algumas pessoas ligadas ao Instituto Ayrton Senna, o próprio Sid Mosca, eles escolheram cinco finalistas para a votação popular. Acabei vencendo esse concurso e aí, por conta disso, conheci o Bruno Senna pessoalmente. A Bianca Senna entrou em contato comigo, foi muito gentil. Lembro que fui buscar a réplica do capacete, que era parte do prêmio, no treino de sexta-feira. Conheci a Bianca, o Bruno, e realmente foi muito marcante.”

Raí se emociona ao contar que a vitória no concurso promovido por Bruno Senna determinou para sempre os rumos da sua carreira e da sua vida.

“Eu estava numa época muito difícil da minha vida. Estava desempregado, minha esposa estava grávida da nossa filha. Já tinha até resolvido estudar para concurso público, estava determinado a abandonar o design. É uma profissão muito difícil, a gente fica ‘pingando’ de agência em agência tentando ganhar um pouco mais. É complicado. E lembro que tive duas agências antes disso, tinha acabado de fechar minha última agência e não sabia o que fazer da vida, estava perdido. Comecei a entrar nesses cursinhos preparatórios para concursos públicos e aí resolvi abandonar o design. Foi então que vários amigos compartilharam no Twitter e no Facebook desse concurso do Bruno Senna. Já tinha até desinstalado o software do meu computador, estava decidido a ser um ex-designer. Foi quando apareceu esse concurso.”

“Pensei comigo, fiz uma oração e falei com Deus: ‘Olha, o Senhor sabe o quanto estou perdido agora, neste momento. Se olhar meu coração, vai ver que estou perdido, que não sei o que fazer da minha vida. Me dê um sinal. Se ganhar esse concurso, então continuo como designer. Se não ganhar, fica como sendo a chancela de que tenho de mudar o rumo da minha carreira, o rumo da minha vida’”, diz.

“E graças a Deus, acabei vencendo. Conheci o Bruno, a Bianca, parte da família Senna, que tanto adoro, de perto. E o principal de tudo: isso me rendeu, dois anos depois, o convite para trabalhar em parceria com o Alan Mosca. E a melhor parte disso tudo foi quando o Alan me disse que o pai dele gostou demais do desenho que fiz para o Bruno, que parecia que ele mesmo tinha feito o desenho, que ele enxergava em mim os traços do pai dele. Para mim, isso foi uma honra e me possibilitou aquilo que sonhei lá atrás, na primeira vez em que estive em Interlagos, que aquilo era tão maravilhoso que quis fazer parte disso um dia, quem sabe estar do lado de lá do alambrado. E o Alan Mosca me deu essa oportunidade de ouro. Hoje não somos apenas parceiros de trabalho, somos grandes amigos. Sinto muita gratidão por ele”, lembra Raí, com a voz embargada.
 

(Raí Caldato e Bruno Senna em 2010)

“Quando vejo um cara ser campeão do mundo com o desenho que fiz… passa todo um filme na minha cabeça”

 

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Com a chance de trabalhar ao lado do filho do lendário e saudoso Sid Mosca, Raí se converteu de vez em uma referência no design de capacetes, tendo a chance de estampar seu trabalho nos cascos de pilotos de várias categorias. Mas a consagração, mesmo, veio lá da Inglaterra, quando Lewis Hamilton o anunciou como vencedor de um concurso global. Com Ayrton Senna como ídolo em comum, Raí fez menção ao brasileiro nos traços da nova pintura do capacete de Hamilton ao adotar as cores verde, amarela e azul, além de uma imagem do Cristo Redentor.

“Faltava o sonho de chegar à F1 com um capacete que corresse a temporada toda. Embora o Bruno tenha corrido com o capacete no GP do Brasil em 2010, faltava ter um capacete meu na F1 o ano inteiro. E o que fico mais feliz é isso. Me passa todo esse filme da minha vida na cabeça, aquele desejo do moleque de 14 anos que, com as mãos tremendo no alambrado, sonhou que queria trabalhar com isso, e quando vejo um cara ser campeão do mundo com um desenho que fiz… um cara que, além de tudo, é fã do Ayrton, escolheu um desenho que fiz em homenagem ao Ayrton, e poder conquistar o tetra, que o Ayrton não pode, passa um filme na cabeça. Fico muito emocionado.”

“Minha história com Interlagos é que, enquanto estiver vivo, vou para lá. Se não conseguir andar, alguém vai me arrastar para lá [risos]. É difícil escolher um momento só. Esse ano também vai ser muito especial. Vou ter de controlar bastante a emoção. Porque conseguir isso que a gente conseguiu não é fácil, não. É só por Deus, mesmo, muito amor pelo automobilismo, pelo design, e confiar. Quando todo mundo estiver dizendo que você não pode, que você não é capaz, usa isso de mola, de propulsão, segue em frente para conseguir realizar seu sonho. Talvez minha ficha nunca vai cair. Talvez ela caia agora, encontrando com o Hamilton em Interlagos.”

 

Raí é convidado de honra de Hamilton para acompanhar, direto dos boxes da Mercedes, o sábado e domingo do GP do Brasil. Além disso, vai ter a chance de apresentar, pela primeira vez, a F1 para sua filha e também sua esposa. “Vai ser muito, muito emocionante”.

Com toda a expectativa pelo encontro com Hamilton e o reencontro com o autódromo que o tornou uma referência no meio do automobilismo, Raí Caldato exalta o ‘Templo do Automobilismo’. “Interlagos, para mim, é minha vida. É um lugar especial, mágico, exala a história, exala automobilismo. Costumo brincar e dizer que ali é minha Disneylândia. Quando estou em Interlagos, estou feliz demais. É onde gostaria de estar”.

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