Dennis Dirani tem um trabalho que muitos apaixonados pelo automobilismo sonham em ter. Multicampeão no kart, o piloto tem a chance de percorrer cerca de 700 km antes de cada etapa da Porsche Cup e também é ‘coach’ de jovens talentos que aceleram no Brasil e no exterior: “É um sonho poder viver do que amo fazer”

Imagine que você, como fã do automobilismo, tenha a chance de pilotar carros de uma das marcas mais icônicas do mundo, representar a maior patrocinadora do esporte a motor no Brasil, viajar o mundo para emprestar seu vasto conhecimento e experiência a jovens talentos, ser ainda um piloto muito competitivo e poder conquistar títulos. E poder fazer de tudo isso a sua profissão. Este é um pequeno resumo do momento atual vivido por Dennis Dirani, paulistano de 31 anos, um amante das pistas e apaixonado pelo que faz.

Multicampeão nacional no kartismo e dono de uma passagem bem-sucedida pelo Brasileiro de Turismo (hoje Stock Light), o irmão mais novo de Danilo Dirani é membro da Academia Shell Racing desde 2015 e, muito antes disso, é ‘coach’ de pilotos que, desde criança, têm o sonho de chegar longe no esporte.

Dentre os muitos pilotos para quem Dennis e o irmão, Danilo, prestam ‘coaching’, destaque para Gianluca Petecof, um dos nomes mais promissores do Brasil e que hoje acelera nos campeonatos de F4 da Alemanha e da Itália, além de ser membro da Academia Shell Racing e da Academia da Ferrari. Dirani trabalha ao lado de Gianluca desde quando o jovem tinha apenas oito anos e dava suas primeiras aceleradas no kart.

Dennis Dirani trabalha há muitos anos também com outro talento das pistas: Guilherme Peixoto. Hoje na F4 Americana, o paulistano de 17 anos contou com a presença e o trabalho de Dennis durante toda a sempre difícil transição do kartismo para os monopostos. Em seu ano de estreia, Peixoto já marcou bons resultados, como pole e os dois dois primeiros pódios, todos conquistados em Mid-Ohio. Os irmãos também atuaram como ‘coaches’ de Matheus Leist, um dos dois representantes do Brasil na Indy.

O polivalente das pistas também é um dos pilotos consultores da Porsche Cup e chega a acelerar por mais de 700 km durante os finais de semana de etapa da categoria em voltas de shakedown para equalizar todos os carros, além de eventos de volta rápida ao lado de celebridades.

No kartismo, o último fim de semana, no Parque Beto Carrero, em Penha, Santa Catarina, marcou mais uma grande conquista para a carreira de Dennis, que faturou pela segunda vez o título da Copa Brasil de Kart ao triunfar na classe KZ. Mais um troféu nacional para sua vasta prateleira.

Viver do automobilismo é o sonho de muitos e uma realidade para Dirani. Claro que nem tudo são somente flores, há os dissabores e os riscos da profissão, como o próprio piloto encarou no começo de agosto deste ano, quando enfrentou o acidente mais grave da carreira. No circuito do Estoril, em Portugal, Dennis encerrava um shakedown com um dos carros da Porsche Cup quando enfrentou um problema no sistema de freios, passou reto no fim da reta, bateu na barreira de proteção de pneus, voou pelo alambrado e foi parar do lado de fora da pista. Por sorte, Dirani nada sofreu. Ficou só o susto e uma grande história para contar.

Em depoimento exclusivo ao GRANDE PREMIUM, o membro da Academia Shell Racing fala um pouco da sua rotina, revela em detalhes como é o dia-a-dia de um ‘coach’ de jovens pilotos, atuando tanto na F4 Italiana como na Stock Light e na Stock Car, além de alguns momentos marcantes atuando como piloto consultor da Porsche Cup, tendo a chance de pilotar lado a lado de Bruce Dickinson, lenda do rock e vocalista do Iron Maiden.

De volta ao topo do kart no Brasil
 

Desde quando se uniu ao projeto da Academia Shell Racing, em 2015, Dennis Dirani esteve à frente de vários projetos: correu por dois anos no Brasileiro de Turismo, tendo sido vice-campeão no primeiro ano; foi convidado para disputar a Corrida de Duplas da Stock Car; aliou seu trabalho como piloto consultor da Porsche Cup como ‘coach’ de gentlemen-drivers e também disputou provas na disputa de endurance e até correu fora do Brasil, como aconteceu em janeiro deste ano nas 24 Horas de Dubai, ficando em segundo na divisão SPX.

Só que Dennis jamais deixou de lado a sua paixão de sempre: o kart. Uma paixão que nasceu quando era criança. No início da década de 1990, Dennis e o irmão, Danilo, foram convidados pelo pai, José Dirani, para conhecer o kartódromo que Ayrton Senna construiu em sua fazenda em Tatuí, interior de São Paulo. A afinidade foi imediata e dura até os dias de hoje.

O piloto é um dos grandes vitoriosos em atividade na modalidade no Brasil, como diz seu próprio currículo. Dirani tem até dificuldade para lembrar ao certo quantos títulos nacionais já possui. “Acho que tenho oito”, responde.

Depois, o piloto enumera suas conquistas: “Quatro Brasileiros, duas Copas Brasil e dois de um torneio que existia antigamente, que era o Troféu Brasil, que era considerado nacional”, disse Dennis, que também é heptacampeão paulista.

No último fim de semana, Dirani adicionou mais um troféu à sua já vasta galeria e foi campeão da Copa Brasil na classe KZ, voltando ao topo do pódio da competição, algo que não acontecia há 13 anos.

Dennis Dirani voltou a comemorar o título da Copa Brasil no fim de semana (Dennis Dirani foi campeão da Copa Brasil de Kart (Foto: Bruno Gorski))

“Fazia tempo que não ganhava a Copa Brasil. Ganhei um Brasileiro em 2011 e fui vice em 2015 e 2016 também. Desde então, vinha batendo na trave…”, conta.

“Foi difícil, ainda que tivesse ido bem desde os primeiros treinos, com uma boa velocidade. Tive uma quebra na segunda bateria eliminatória, aí dificultou de novo. Mas larguei em sexto na final, com um ritmo bem forte e consegui fazer as ultrapassagens. Pulei para terceiro na largada, depois consegui passar mais um cara no meio da primeira volta e outro na abertura da segunda volta. Foi só imprimir meu ritmo para conseguir fazer um resultado legal. É sempre bom poder ganhar uma competição nacional, ainda mais porque você compete contra pilotos profissionais, profissionais do kart”, destaca Dennis.

O seu histórico de sucesso no kart o ajudou a construir, ao lado do irmão, a DDirani Coach, empresa destinada a prestar serviços a pilotos, seja crianças e adolescentes a partir do kart e nas categorias de base, no Brasil e no exterior, e também a pilotos mais veteranos, ou gentlemen-drivers, conhecidos como pilotos de fim de semana que têm no automobilismo um verdadeiro hobby. Sobretudo no kartismo, os Dirani construíram pontes que os ligam até hoje a nomes que vêm trilhando seus caminhos lá fora e são grandes esperanças para o futuro no automobilismo brasileiro.

O dia-a-dia de um ‘coach’ na Europa e no Brasil
 

Os irmãos Dennis e Danilo Dirani são alguns dos ‘coaches’ mais requisitados no automobilismo brasileiro para trabalhar com jovens kartistas. Trata-se de uma função que é muito maior do que simplesmente orientar quem está no início da sua carreira sobre como fazer esta ou aquela tomada de curva, sobre o momento de acelerar ou defender posição. O trabalho é mais amplo e compreende também a ajuda na preparação física e também mental. E é o ‘coach’ quem presta todo o suporte emocional em caso de algum revés técnico ou de força maior em um fim de semana de corrida.

Dennis teve a oportunidade de atuar novamente ao lado de Gianluca Petecof. Foi ele o ‘coach’ do então menino de dez anos quando este se tornou o mais jovem campeão do Brasileiro de Kart, disputado em 2010 em Serra, no Espírito Santo. Gianluca, à época, corria na categoria Júnior Menor.

No último fim de semana de agosto, Dirani cruzou o Atlântico e embarcou para a Itália, mais precisamente Ímola, onde o jovem piloto disputou uma atípica rodada quádrupla válida pela F4 Italiana — além das três corridas habituais, a etapa compreendeu mais uma corrida extra por conta do adiamento de uma prova em Misano em razão da chuva.

A seguir, Dennis revela, em primeira pessoa, os detalhes, dia após dia, de uma jornada iniciada na quarta-feira, 28 de agosto, para dar ao leitor a dimensão exata do que é um trabalho de ‘coach’ no automobilismo ao atuar, revela toda a intensidade de treinamentos a que um jovem é submetido, a busca por resultados e até as restrições em termos de acesso por Petecof ser vinculado à Ferrari.

No sábado, aconteceu o pior momento do fim de semana: a morte de Anthoine Hubert na F2, fato que abalou o mundo do esporte a motor e, claro, também aos competidores no grid da F4 Italiana.

Quarta-feira, 28 de agosto
A chegada à Itália e o reencontro com Petecof

“Cheguei ontem aqui na Itália e acompanhei um pouco da rotina do Gian. Ontem ele teve treino mental e também físico. Ele segue uma agenda bem rígida de treinos, o que é essencial para a carreira que ele escolheu ter. Nesses treinos, por ser dentro da Ferrari, eu não posso estar. Mas hoje saímos e fomos até a sede da Prema, que fica em Vicenza, cerca de 1h40min de Maranello. Fomos fazer [sessões] de simulador, foi bem bacana. Fazia um tempo que não o via guiar, então deu para ver toda a sua evolução e também conhecer um pessoal da equipe, e já iniciamos um trabalho visando Ímola. Eles pediram para o Gianluca testar algumas técnicas, e eu também pedi, em alguns momentos, para testar algumas mudanças no traçado. Então acredito que foi bem proveitoso. Depois fomos conversar com o chefe da equipe, Angelo Rosin, e tivemos uma reunião rápida. Amanhã vamos fazer um treino físico rápido juntos e depois vamos para Ímola, onde teremos reunião com o engenheiro e também o track-walk.”

Quinta-feira, 29 de agosto
O início dos trabalhos de pista em Ímola

“Na parte da manhã fizemos meio que um treino físico, mas de uma forma mais na brincadeira: jogamos uma partida de basquete e, depois do almoço, viemos para Ímola. Conheci as pessoas, engenheiro, mecânicos e os companheiros de equipe do Gian que não conhecia. Após isso, fizemos o track-walk com o engenheiro, que foi dando os detalhes curva a curva, onde ele precisava ter algum ganho pelo teste que tiveram aqui… Também comentei com o engenheiro sobre possíveis lugares que ele achava legal. Depois, fui com o Angelo, chefe da Prema e um dos donos, que foi comigo mostrar como poderia fazer para chegar em algum ponto específico da pista. Foi um dia bacana.”

Sexta-feira, 30 de agosto
Muito trabalho de pista e análise de dados

“O dia foi meio puxado, com dois treinos e duas classificações. Nos dois treinos, fomos P2. No primeiro, com uma distância um pouco grande. Mas no segundo treino conseguimos progredir e ficar perto. Hoje fiquei andando em volta da pista para ter uma melhor visão e comparar com os outros pilotos para, a partir daí, poder ajudá-lo. Nos intervalos dos treinos, olhamos onboard e telemetria, e achamos algumas coisas. No Q1, o Gianluca pegou um pouco de tráfego e acabou tendo de abortar uma volta, o que fez uma boa diferença. E o Q2 começou um pouco tenso pois teve uma bandeira vermelha. Aí, quando a pista foi liberada, tivemos tempo para fazer apenas duas voltas, mas ele fez um excelente trabalho em conseguir colocar todos os trechos e arrancar um P3 na última volta. Com isso, vamos largar em P6 na primeira corrida e em P3 na segunda, exatamente as mesmas posições que o [norueguês Denis] Hauger vai largar, só que invertido. Então é jogar esse xadrez aí com ele e tentar fazer os pontos.”

Sábado, 31 de agosto
Morte de Anthoine Hubert ecoa e choca Ímola

“O clima ficou ruim após a notícia da morte do Hubert. Na corrida 1, o Gian conseguiu fazer uma boa largada e, no começo, teve uma disputa muito forte com o companheiro de equipe. Os dois se tocaram na disputa e, com isso, o Gian ficou com um pneu furado e teve de abandonar. E acho que aí entra também o trabalho de ‘coach’ e mesmo de amizade, de estar com ele, porque ele ficou chateado com isso, e eu estava aqui para falar com ele, mostrar as opções, mostrar outra visão de tudo, diferente, uma outra ótica. Como os descartes nesse campeonato e ele pode usar. Enfim, conversamos bastante. E nos preparamos para a corrida 2.

Ele fez uma ótima largada e pulou para segundo, e por lá se manteve e conseguiu mais um pódio na temporada. Logo depois, tivemos a triste notícia da morte do Hubert, que pegou todo mundo de surpresa e abalou demais. Então, mais uma vez, acho que estar aqui para dar apoio neste momento foi mais uma coisa que, para mim e para ele, foi importante. Agora vamos nos preparar para as duas corridas mais difíceis do fim de semana, pois ele vai largar de 6º nas duas.”

Domingo, 1º de setembro
Dia de altos e baixos em meio ao luto

“O domingo começou mais difícil depois de tudo o que aconteceu com o Hubert. Na primeira corrida do dia, Gianluca estava bem e confiante, mas na largada acabou deixando o carro morrer, caiu para 22º e chegou em 14º, conseguiu recuperar um pouco. Após a corrida, conversamos bastante, já que ainda faltava mais uma corrida e precisávamos estar bem e com a cabeça tranquila para fazer mais uma corrida boa. Na corrida 2, que era a corrida que havia sido cancelada em Misano pela chuva, ele largou em sexto. Largou bem, manteve a posição e conseguiu imprimir um ritmo forte, fazendo ultrapassagens e conseguindo passar o companheiro de equipe para ir ao pódio, o que mostrou que o fim de semana dele foi de várias turbulências, mas ele conseguiu voltar sempre forte.”

“Após as corridas, conversamos e foi super bacana poder estar de volta com o Gianluca depois de um tempo sem trabalhar diretamente com ele, já que sempre cuidei dele, desde os oito anos.”
 

(Gianluca Petecof (Foto: Prema Powerteam))

Dennis voltou pouco tempo depois ao Brasil. Entre um voo e outro, os trabalhos tiveram sequência nos dias seguintes, com o ‘coach’ atuando na orientação a jovens talentos da Sprint Race. Até que era chegada a hora de mais um embarque e outra jornada, em um campo que Dirani conhece bem: a Stock Light. Entre quinta-feira, 12 de setembro, até domingo, 15, Dennis esteve no Velopark, em Nova Santa Rita, Rio Grande do Sul.

O ‘coach’ Dirani trabalha como peça-chave da equipe chefiada por Serafin Jr., sendo importante na orientação a jovens pilotos. Aí Dennis voltou a encontrar um velho conhecido, com quem tornou a atuar desde o início da temporada: Matheus Iorio. Campeão da F3 Brasil em 2016, o paulista, hoje com 22 anos, correu na Euroformula Open nas duas temporadas seguintes para voltar de vez ao Brasil neste ano.

“Desde o ano passado, quando o Serafin Jr. aumentou a estrutura da equipe para 4 carros, ele me deu a responsabilidade de cuidar de um deles, que nesse ano está sendo pilotado pelo Matheus Iorio”, explica. “É bastante responsabilidade, pois sou o responsável por toda a parte estratégia, do desenvolvimento de setup durante o fim de semana junto com o Serafin, toda a parte de telemetria e também da conversa de rádio. Então é uma responsabilidade um pouco maior e com mais trabalhos além do foco no traçado do piloto”, conta Dirani.

O fim de semana na Stock Light também começa na quinta-feira que antecede aos treinos livres, dia em que o piloto, junto com engenheiros e o ‘coach’, trabalha no reconhecimento da pista, troca informações e estuda o que vai encarar na sequência da programação, como no Velopark. Nesta jornada, mesmo fisicamente no Rio Grande do Sul, Dennis também ajudava Guilherme Peixoto via WhatsApp. O jovem piloto disputou a etapa de Sebring da F4 Americana naquele mesmo fim de semana.

Dennis Dirani trabalhou lado a lado com Gianluca Petecof em Ímola (Dennis Dirani trabalhou ao lado de Gianluca Petecof em Ímola (Foto: Marta Simonyi))

Quinta-feira, 12 de setembro
Ajustes finais antes de acelerar no Sul

“Na quinta-feira, temos alguns procedimentos. Onde, na minha parte com o piloto, fazemos algumas reuniões para mostrar algumas atualizações do que fizemos no carro, do que temos ideia de testar durante o treino e, claro, a preparação para o fim de semana, onde vemos onboard passadas e telemetrias anteriores e terminando com o track-walk. Na minha parte com os mecânicos, acompanho a montagem final e o acerto fino para começar o fim de semana, alinhamento, distribuição de peso e configurações de painel.”

Sexta-feira, 13 de setembro
Abertura dos trabalhos com treinos livres

“Na sexta-feira, começa a parte de pista. O Velopark é sempre uma pista um pouco diferente por ser curta, não tem muito desgaste de pneus, mas devido às zebras altas e aos pedaços amarelos após as zebras — e como neste ano tivemos mudanças na pista com alguns pneus —, em todo fim de treino temos de verificar se o carro está em perfeito estado, pois sempre tem um toque em algumas dessas variáveis, o que pode afetar o desempenho. Voltando aos treinos, começamos muito bem a sexta-feira, com bastante velocidade e sempre entre os dois mais rápidos.”

Sábado, 14 de setembro
Dia movimentado com classificação, corrida e chuva. E pódio

“No sábado, fizemos algumas mudanças e, para o último treino livre, porém, o dia amanheceu com chuva. Pegamos o fim do treino com pista seca e lideramos o último treino. Na classificação, fizemos P2 com potencial para ficar bem perto do pole, que foi o Guilherme Salas, piloto bem experiente que já foi campeão da categoria em 2014. Conversamos após a classificação e decidimos mudar algumas coisas e, obviamente, focar na vitória. Porém, durante a corrida, tínhamos de decidir se gastaríamos push para vencer ou se economizaríamos para a corrida de domingo.

Largamos. No começo da corrida colocamos alguma pressão sobre o Salas. Mas, no meio da corrida, ele conseguiu um ritmo melhor e abriu uma certa diferença, e então decidimos guardar o push. Chegamos em P2. Após a corrida e vistoria, fico na pista para acompanhar a revisão e também para discutir com outros engenheiros algumas mudanças. Na revisão, notamos que o Matheus, em algum momento, deve ter tocado algum dos pneus ou algo do gênero, que fez mudar bastante o alinhamento.”

Domingo, 14 de setembro
Saldo positivo para Iorio no Velopark

“No domingo, após a revisão, não mudamos muita coisa e fomos para a corrida 2. Pela regra da inversão do grid, largamos em P9 e viemos em um ritmo forte. Apesar de alguns safety-cars, conseguimos ir ultrapassando e chegamos em P5. No fim, estávamos até na briga pelo pódio, mas não conseguimos chegar a tempo. Mas foi um ótimo fim de semana, onde saímos como o segundo maior pontuador. Apenas o Salas pontuou mais.”

Dennis se desdobra nos finais de semana de Stock Car e Stock Light. Além de atuar como ‘coach’ de Iorio na Light, Dirani também trabalha como orientador de Marcel Coletta, piloto da Crown Racing, estreou com apenas 17 anos. O ‘coach’ Dirani, que o acompanha há tempos, fala sobre como é trabalhar ao lado de Marcel. “Acompanho o Marcel Coletta no rádio, tentando dar conselhos sobre o traçado, marchas a usar e, durante a corrida, ajudando-o a ter uma leitura de onde e quando dar o push, além de dar um apoio, já que ele é o piloto mais novo da categoria”.
 

A (nem sempre) doce rotina de um piloto da Porsche

No fim de semana seguinte à jornada no Velopark, Dennis voltou para sua casa. Não sua casa, de fato, mas Interlagos, onde está mais do que habituado a trabalhar e acelerar. Era o início da missão como piloto consultor da Porsche Cup. Dirani é um dos nomes que tem a função de acelerar todos os carros da categoria ao fazer o shakedown, as voltas de verificação das condições dos veículos para entregar aos competidores que de fato correm no fim de semana. O objetivo é garantir que nenhum carro tenha problemas para que os pilotos possam competir em condições de igualdade na pista.

Em média, são cerca de 700 km percorridos em cada fim de semana. Um grande prazer para quem ama acelerar.

“A minha programação consiste em chegar cedo e estar pronto para testar algum carro que precisou de algum reparo ou que, após análises de dados, não chegou ao ideal, então testamos até ficar perfeito para o piloto. E durante o dia, texto algum carro que teve algum problema, se o piloto tem alguma reclamação ou se caso houve algum acidente, também guio para ver se o carro está perfeitamente alinhado e pronto”, explica Dirani.

“A sexta-feira e no sábado são basicamente o mesmo. Sempre estando pronto para testar, como no intervalo das corridas. Além disso, no sábado temos a ação de volta rápida, onde levamos convidados. E durante esses dias, em alguns casos, existe a clínica de pilotagem, que algumas pessoas são convidadas para guiar o Porsche de corrida e eu vou do lado para auxiliar com o carro e dando coordenadas. Então a Porsche é um trabalho muito desgastante, porém muito recompensador porque amo guiar e, nos eventos da Porsche isso é o que eu mais faço”, diz.

Dennis Dirani ao lado de Bruce Dickinson e Dener Pires em Interlagos (Dennis Dirani, Bruce Dickinson e Dener Pires (Foto: Victor Eleutério))

Dennis fala com muito carinho sobre a chance que teve, em 2018, de ser o ‘coach’ de Bruce Dickinson, lenda do rock e vocalista do Iron Maiden. O cantor foi convidado ilustre da Porsche Cup, que reservou ao britânico um carro customizado com o tema da banda. Amante da velocidade, dentre tantos outros atributos, Dickinson pilotou o Porsche. E teve ao seu lado ninguém menos que Dennis Dirani.

“Foi meio que uma surpresa. Ele estava aqui no Brasil para divulgar a biografia dele, e aí rolou o convite, e ele conseguiu estar lá. Naqueles instantes, quando me apresentaram a ele numa salinha, pude contar um pouco do que eu fazia e falei também um pouco sobre o carro, e aí ele contou que já tinha andado, já tinha feito algumas coisas e gosta muito do automobilismo. Ele foi bem legal, bem solícito. E também o deixei bem à vontade para ele curtir o momento dele, de pilotar. Ele sempre sonhou em pilotar em Interlagos. Foi muito bacana”, recorda.

Mas todo trabalho, por mais prazeroso que seja, tem seus dias difíceis e seus perigos. Não é diferente para quem tem a chance de ganhar a vida pilotando verdadeiros carros dos sonhos. Em uma das peças que o destino prega, Dennis Dirani sofreu o acidente mais grave da carreira há pouco mais de dois meses, no Estoril, onde o ídolo Ayrton Senna venceu pela primeira vez na F1.

O maior susto da vida

   

Dirani fazia seu trabalho como de costume e, nos intervalos entre uma e outra sessão, acelerava um dos carros que seriam usados para a corrida de endurance da Porsche Carrera Cup no Estoril. No entanto, logo após completar uma volta rápida, Dennis não conseguiu acionar o sistema de freios, perdeu o controle no fim da reta dos boxes a mais de 200 km/h e acertou a barreira de proteção.

O impacto foi tão forte que Dennis decolou com o carro, passou por cima do alambrado e só foi parar do lado de fora do autódromo. Por muita sorte e também graças à segurança proporcionada aos pilotos da Porsche Cup, Dirani nada sofreu. Mas as imagens do acidente correram o mundo por ter sido tão impressionante.

Questionado pelo GP* se o acidente no Estoril foi o mais grave da carreira, Dennis não tem dúvidas. “Foi, sim, com certeza. Antes disso, nunca havia sofrido nenhum acidente mais grave, graças a Deus. Lembro que teve uma corrida que estava até vencendo, no Velopark, quando cometi um erro disputando com o Márcio Campos, acabei pegando uma zebra alta e bati, mas não foi nada que assustou, nada grave”.

“Lá, com certeza, foi um negócio forte, que assustou não só a mim, mas todo mundo, pela plástica do acidente, pelo que aconteceu, de ir para fora do autódromo. Mas saí de lá inteiro e depois sentei no carro de novo. No fim das contas, mostrou toda a segurança do carro e o apoio que eu tive dentro da categoria, a carta branca que tive deles, da Shell. Foi um grande susto, mas deu tudo certo”, diz, aliviado.

Dias de luta, dias de glória
 

Piloto consultor da Porsche Cup, membro da Academia Shell Racing, campeão nacional no kart, ‘coach’ de grandes talentos e feliz por amar o que faz. Dennis Dirani não hesita em classificar a fase atual como uma das melhores da sua trajetória dentro e fora das pistas.

“É um momento muito legal na minha vida. É um sonho poder viver do que amo fazer, do que gosto”, diz o piloto, conhecido por estar quase sempre com o sorriso no roso. “As pessoas me perguntam: ‘Como você está sempre feliz? Nunca tem problemas?’. E claro que tenho, todo mundo tem suas guerras, suas batalhas. Mas consigo tentar enxergar isso das melhores formas possíveis”.

“Consigo guiar bastante graças ao meu trabalho na Porsche, consigo estar ao lado de pilotos sensacionais, seja na Stock Car, na Porsche, consigo estar em contato com crianças, que é a essência da vida, e ver a evolução deles desde o começo, como aconteceu com o Gianluca e o Iorio… Participar de todas essas fases da vida de cada um, poder ajudar, passar um pouco da experiência, do que já passei tanto fora como dentro da pista… E mesmo tendo a chance de competir, de ser competitivo e de poder ser campeão no kart, mesmo sendo considerado um pouco ‘velho’ no meio, ainda sou bem competitivo”, comemora.

“É um pouco do que faz o André Nicastro, que é uma lenda, tem 38 anos e ainda consegue ser muito competitivo correndo contra a molecada e vive disso, vive do kart. E o trabalho de coach, de correr em duas categorias e ficar 16, 17 horas em pé e, além dos trabalhos com meus dois karts, tinha quatro pilotos para prestar ‘coaching’ e todos foram ótimos, muito bem, como o Gabriel Gomez, que foi campeão. E quando se consegue alinhar tudo isso, não tem como ficar triste”, garante.

O menino que teve a chance de pilotar com ninguém menos que Ayrton Senna e cresceu com o sonho de fazer parte da F1 teve de mudar seu caminho por conta das circunstâncias, mas segue muito ligado ao amor da vida que se tornou seu ganha-pão.

“Os sonhos foram mudando ao longo da vida. Já tive o sonho de correr na F1, tive o sonho de ser um profissional, pilotando, e hoje considero que esse sonho é parcialmente completo, porque trabalho guiando com a Porsche, mas não correndo. Mas realizo meus sonhos com a molecada, me dando bem, com meus trabalhos de ‘coach’, de poder viver com os trabalhos na Porsche e poder ter contato com pessoas de sucesso, com celebridades, e por poder guiar um carro tão especial”, conclui o feliz Dennis Dirani.

Dennis Dirani festeja grande fase na carreira e na vida (Dennis Dirani na Porsche Cup (Foto: Victor Eleutério))

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