É interessante ver como Di Grassi se interessa pela parte tecnológica do automobilismo - incluindo o já existente. Sobre como ele fala com naturalidade sobre a parte de desenvolvimento de carros: "Eu acho que grande parte do automobilismo é desenvolvimento de tecnologia, como motor turbo, freio a disco, tudo o que hoje a gente tem aí. Freio a disco foi desenvolvido para avião militar pousar em porta avião, porque precisava parar rápido, e isso foi para os carros, porque carro de corrida precisava frear mais cedo e agora todo carro tem freio a disco, motor turbo, fibra de carbono, acrílico. Então é o desenvolvimento de tecnologia. A tecnologia não para, continua desenvolvendo, continua transformando, só qualidade de vida melhor para as pessoas."
E esta parte que o leva a falar do ponto principal da Fórmula E: o desenvolvimento de carros elétricos. "Por exemplo, na FE, o primeiro passo da transição energética é de combustão fóssil para elétrico. Os carros vão ser elétricos, é o primeiro passo. Mas essa primeira transição de de combustão para elétrico, para mim era muito claro que isso iria acontecer. Como isso vai acontecer? As montadoras vão investir no automobilismo elétrico profissional. Existe uma grande diferença entre automobilismo amador e automobilismo profissional. O automobilismo profissional de desenvolvimento de tecnologia ia se transformar em elétrico. A galera trabalha bem com argumentos relevantes mas microargumentos que eu chamo, não faz barulho, não faz isso, não faz aquilo. Mas de uma forma geral, quando você olha do mapa, não tem como você parar isso."
E isso leva para a Stock Car - na qual ele diz se divertir em sua primeira temporada (foi para o intervalo da Copa do Mundo em 8°, com 68 pontos, e duas vitórias em 'corridas 2'. "Gostar de carros elétricos não significa não gostar de carros a combustão. Tanto que eu estou aqui na Stock Car, correndo de (motor) V8, um carro que tem dez anos de chassi, um carro super rústico, mas que é super divertido. Tem dez caras no mesmo décimo, então é legal pra caralho. Estou aqui, me divertindo, acho que automobilismo de amador, no sentido de não desenvolver tecnologia, não que a Stock seja amadora, ela é profissional, mas não representa desenvolvimento de tecnologia de ponta, ela é um 'entertainment', é um show o que a gente está fazendo aqui. Esse tipo de automobilismo vai demorar muito para ser elétrico, porque ainda para o automobilismo, o elétrico não fecha a conta."
Para ele, porém, a paixão é o desenvolvimento a favor da população: "[Tecnologias com as quais] a qualidade de vida vai ser melhor, mais barata e ao mesmo tempo vai ser mais sustentável. O carro elétrico é exatamente isso. Então quando eu vi isso, há quatro, cinco anos, mais até, que a FE começou a ser criada e o Alejandro Agag (chefe da categoria) me convidou para fazer parte, para mim tinha muito claro que isso ia se tornar um sucesso, se fosse bem gerida, né. E o próximo passo é o autônomo."
"Então não é que eu sou contra combustão, nem pró elétrico. Eu sou pró aquilo que faz sentido tecnologicamente na linha do tempo, que vai realmente ser um produto comercial, e sou contra imposições que não fazem sentido. Então ‘ah, vamos fazer Stock Car híbrida'? De jeito nenhum. Você mata a Stock. O custo dobra para ter um motor elétrico para quem? Então, o jeito que eu vejo automobilismo vai nesse formato. Acho que é uma mistura de desenvolvimento de tecnologia com 'entertainment', com um show, que é uma questão que a F1 inclusive está abrangendo, fazendo show, desenvolve. É uma mistura desses fatores e eu acredito que na Roborace, nesse caso, vai ser um desenvolvimento tecnológico super importante, que a galera aí no mainstream ainda tem muitas dúvidas do que vai acontecer, mas vai acontecer porque o mercado vai aceitar isso no fim."