O GRANDE PREMIUM compara números dos três títulos de Senna na Fórmula 1

No embalo da febre da exibição de eventos esportivos históricos, que dominam a televisão neste período sem novidades pelo mundo, a TV Globo reprisará, no próximo domingo, dia 3 de maio, o GP do Japão de 1988. É, claro, a prova que assegurou o primeiro título mundial de Ayrton Senna. Mesmo quase 32 anos depois, a prova representa uma ruptura que há longos anos se esperava: naquele dia, em Suzuka, Senna deixava de ser o futuro de que tanto se falava e chegava à terra prometida. Era, enfim, o presente. 

Como o momento se oferece, pois, o GRANDE PREMIUM traz um LADO A LADO especial que compara números, rivais e situações dos três campeonatos mundiais vencidos por Senna: 1988, 1990 e 1991.

Ayrton Senna, 1988 (McLaren MP4-4, 1988, Ayrton Senna)

Temporada 1988

Após um ano de Toleman e três de Lotus, onde teve a oportunidade de mostrar o talento que tinha e tudo que oferecia, mas ainda sem um carro campeão, Senna enfim chegava a uma das equipes de ponta da Fórmula 1 para a temporada 1988. A McLaren vencera três campeonatos nos anos 1980 – e seguidos. Niki Lauda fora o conquistador do cinturão em 1984, ao passo que Alain Prost levara melhor nos anos seguintes. O motor era o TAG. Mas Nelson Piquet e a Williams/Honda desbancaram o time de Ron Dennis no ano seguinte. Agora, com Prost, Senna e o motor campeão vigente da Honda, esperavam retomar o controle do campeonato. 

E se havia alguma dúvida sobre como Senna reagiria na disputa direta contra um bicampeão mundial, não durou muito. Ayrton cravou a pole-position nas primeiras seis etapas e venceu três delas – com Prost na frente nas três outras. O domínio da McLaren com os motores turbo da Honda era absoluto, ninguém podia competir. Fosse nos modelos atuais da pontuação, Prost teria sido praticamente imbatível. É verdade que Senna venceu mais, oito a sete na contagem, mas Prost foi ao top-2 em 14 das 16 corridas do ano. Senna venceu mais, mas sequer pontuou em três oportunidades e ficou fora do top-2 em outras duas.

Mas a pontuação válida para o campeonato era, de fato, muito diferente. O formato do destaque fazia com que a classificação levasse em conta apenas os 11 melhores resultados de cada piloto, descartando as cinco piores participações. Desta forma a briga pelo título ficou nas oito vitórias e três segundos lugares de Senna contra sete vitórias e quatro segundos lugares de Prost. Título do brasileiro, que ainda colocou um ponto de exclamação no fato de ser o melhor piloto da F1 em voltas lançadas: cravou 13 de 16 poles. 

No campeonato de Construtores, nenhuma briga: a McLaren marcou mais que o triplo dos pontos da Ferrari, vice-campeã. Foi a Ferrari, com Gerhard Berger, que tomou a única vitória não pertencente aos ingleses de Woking naquele ano, no GP da Itália realizado pouco após a morte de Enzo Ferrari e que foi um grande resta um – tanto que Eddie Cheever, de Arrows, buscou um lugar no pódio. Mesmo Berger, terceiro colocado no campeonato, não fez sequer metade dos pontos válidos de Prost. A diferença era brutal: era um campeonato de uma equipe, um motor e dois pilotos. O 'Dream Team'.

Além dos três vencedores de corrida do ano, outros sete foram a ao menos um pódio. Um destes era Nelson Piquet, tricampeão e campeão vigente, numa Lotus em franca descendência e que descolou três terceiros lugares. Nigel Mansell, de Williams, Michele Alboreto, de Ferrari, e Ivan Capelli, de March, ainda conseguiram furar a barreira do segundo lugar, mas que lambessem os beiços, porque era um espaço que se abria somente quando alguma coisa de muita errada acontecia na McLaren. A Benetton também conseguiu pódios com seus dois pilotos, Alessandro Nannini e Thierry Boutsen.

A tônica daquele campeonato era mesmo o nascimento da nova rivalidade que abalaria as estruturas da F1: Senna vs Prost.

GPs: 16
Equipe: McLaren/Honda
Companheiro: Alain Prost
Vitórias: 8
Pódios: 11
Pole-positions: 13
Pontos com descarte: 90
Pontos sem descarte: 94
Vice-campeão: Alain Prost
Vitórias do vice: 7
Pontos do vice com descarte: 87
Pontos do vice sem descarte: 105
Local da confirmação do titulo: Japão, 15ª corrida
Outros vencedores de corrida: Gerhard Berger/Ferrari
Mundial de Construtores: McLaren campeã com 199 pontos contra 65 da Ferrari
Também foram ao pódio: Thierry Boutsen/Benetton, Michele Alboreto/Ferrari, Nelson Piquet/Lotus, Ivan Capelli/March, Nigel Mansell/Williams, Alessandro Nannini/Benetton, Eddie Cheever/Arrows
(Alain Prost e Ayrton Senna no GP de San Marino de 1989 (Foto: McLaren))
Senna e Prost no Japão

Temporada 1990

Se a rivalidade entre Senna e Prost nascera durante o ano de 1988, explodiu em 1989. Foi de tão maneira explosiva que Alain quis deixar a McLaren no fim da temporada e saiu campeão após a histórica batida na primeira volta do GP do Japão. Prost marchou para a Ferrari, enquanto a McLaren fez o caminho inverso e trouxe Berger para ser companheiro e quase que um sidekick de Ayrton. A Ferrari, aliás, aliara Mansell e Prost e prometia incomodar para valer. Os motores turbo ficaram no passado, banidos em 1988, e a Honda tinha um V10 contra o V12 dos italianos. 

E, de fato, estavam ali os dois melhores carros do grid, mas apenas para Senna e Prost. Berger e nem mesmo Mansell conseguiram acompanhar. O duelo entre os dois desafetos não foi tão diferente de dois anos antes. Senna largava na frente quase sempre, emplacando dez das 16 poles, e venceu uma a mais; Prost tirava o melhor possível do carro que tinha, o que demorou a ser convertido em domínio para algumas provas. No fim das contas o campeonato foi levado novamente para Suzuka, penúltima etapa do calendário, com Ayrton dotado de ampla vantagem. Senna fez a pole, mas estava decidido a aplicar o que sentia ser uma vingança pelo ano anterior. Na primeira curva, abalroou a Ferrari de Prost no meio e acabou com a corrida dos dois. Com ambos zerados, Ayrton foi para a Austrália já bicampeão. 

Assim como na temporada 1988 o terceiro colocado do campeonato sequer se aproximou dos dois. E não foi nenhum dos companheiros de equipe, mas Piquet, que estreava na Benetton. O carioca venceu duas corridas, inclusive a do Japão. Mansell também emplacou uma vitória com a Ferrari, mas terminou no quinto lugar do campeonato somente. Com a Williams, Thierry Boutsen e Riccardo Patrese venceram uma cada. 

O Mundial de Construtores foi mais apertado também. A McLaren levou a melhor com 121 pontos contra 110 da Ferrari. A Benetton, em terceiro, fez 71.

Aquela temporada ainda viu mais um pódio de Ivan Capelli na equipe que fora a March e agora era a Leyton House, assim como um jovem Jean Alesi com a Tyrrell. Teve ainda um marco na F1: o único pódio de um motor Lamborghini. Foi com Aguri Suzuki, da Larrousse, também no Japão.

GPs: 16
Equipe: McLaren/Honda
Companheiro: Gerhard Berger
Vitórias: 6
Pódios: 11
Pole-positions: 10
Pontos com descarte: 78
Pontos sem descarte: 78
Vice-campeão: Alain Prost/Ferrari
Vitórias do vice: 5
Pontos do vice com descarte: 71
Pontos do vice sem descarte: 73
Local da confirmação do titulo: Japão, 15ª corrida
Outros vencedores de corrida: Riccardo Patrese/Williams, Thierry Boutsen/Williams, Nigel Mansell/Ferrari e Nelson Piquet/Benetton
Mundial de Construtores: McLaren campeã com 121 pontos contra 110 da Ferrari
Também foram ao pódio: Gerhard Berger/McLaren, Alessandro Nannini/Benetton, Jean Alesi/Tyrrell, Ivan Capelli/Leyton House, Roberto Moreno/Benetton, Aguri Suzuki/Larrousse
(Ayrton Senna 1988 (Foto: Forix/LAT))
Ayrton Senna em 1991 (McLaren MP4-6, 1991, Ayrton Senna)

TEMPORADA 1991

Senna chegou no campeonato subsequente como campeão vigente e grande favorito. A Ferrari incomodaria novamente? Não. Mansell voltou à Williams, enquanto Prost descobriu rapidamente que seu monoposto vermelho tinha problemas graves. A relação foi se deteriorando durante o ano, de modo que o francês nem sequer disputou a última temporada do campeonato, na Austrália, porque foi demitido após dizer que o carro era um "caminhão". Prost voltaria ao grid apenas em 1993 e para ser tetracampeão. 

Quem começava a crescer na ordem de forças era a Williams da suspensão ativa e motor Renault. Senna seguia brilhando com a McLaren, mas Berger já não conseguia acompanhar Mansell e Patrese, que pontuavam com mais facilidade. O começo do campeonato deu o tom para o que seria o resultado final. A Williams demorou um pouco para funcionar: Mansell abandonou as três primeiras etapas do campeonato, enquanto Senna venceu as quatro iniciais. O placar era de 40 pontos de Ayrton contra 6 de Nigel depois disso. Praticamente irreversível. 

Mansell pontuaria mais que Senna no restante do campeonato, é verdade, mas jogaria as últimas chances de título na lata do lixo bem ao seu próprio estilo: um erro totalmente não forçado no Japão colocou o carro do inglês na brita e confirmou, ali mesmo, o tri mundial do paulista. Senna, muito a contragosto, ainda cedeu a vitória daquela corrida a Berger no que era o primeiro triunfo do austríaco na McLaren.

Com Mansell e Patrese à frente de Berger, a McLaren agradeceu muito a Senna pelo Mundial de Construtores, conquistado por apenas 14 pontos. A Ferrari, em terceiro, não tinha sequer a metade dos tentos da Williams. 

Além dos quatro primeiros colocados do campeonato, somente Piquet, de Benetton, venceu. Foi, inclusive, a última vitória do tricampeão na F1. Prost não venceu, mas foi a alguns pódios com a Ferrari, assim como Alesi. Na Tyrrell, Stefano Modena, substituto de Alesi, também se esgueirou num pódio. E o finlandês JJ Lehto, na pequena Scuderia Italia, foi outro a descolar um top-3.

Ainda não se sabia, mas era o fim de uma das eras mais resplandecentes da F1: o GP do Japão foi a última prova em que Senna, Mansell, Piquet e Prost estiveram juntos no grid. A McLaren perdeu espaço para uma Williams poderosa que conquistaria dois títulos seguidos e retomaria o reinado somente na temporada 1998, com Mika Häkkinen. Senna seguiria no time por mais dois anos, mas sem chances reais de superar os rivais ingleses.

GPs: 16
Equipe: McLaren/Honda
Companheiro: Gerhard Berger
Vitórias: 7
Pódios: 12
Pole-positions: 8
Pontos: 96
Vice-campeão: Nigel Mansell/Williams
Vitórias do vice: 5
Pontos do vice: 72
Local da confirmação do titulo: Japão, 15ª corrida
Outros vencedores de corrida: Nelson Piquet/Benetton, Riccardo Patrese/Williams e Gerhard Berger/McLaren
Mundial de Construtores: McLaren campeã com 121 pontos contra 110 da Ferrari
Também foram ao pódio: Alain Prost/Ferrari, Jean Alesi/Ferrari, Stefano Modena/Tyrrell, JJ Lehto/Scuderia Italia
(Senna e Prost (Foto: Reprodução))

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