Ainda que separadas por 70 anos de diferença, as temporadas de 1950 e 2020 da Fórmula 1 ganharam algumas semelhanças por causa da pandemia do novo coronavírus

São 70 anos de Fórmula 1. Nessas sete décadas, o mundo, o automobilismo e a própria categoria se transformaram e são infinitamente maiores e menos simples. Porém, quis uma manobra do destino que uma pandemia global, a da Covid-19, mudasse muita coisa em 2020. Um ano que, estranhamente, ficou um pouco mais parecido com 1950 – ao menos em termos de F1.

Neste Lado a lado, vamos acompanhar tudo que, de alguma forma, serviu para aproximar a Fórmula 1 de suas origens, e tudo por culpa de um pequeno agente infeccioso.

Mais regional

Em 1950, a Europa ainda era (quase) o centro do mundo. A Fédération Internationale de l’Automobile, a FIA, fora fundada na França – então fazia sentido ter um olhar mais próximo daquele continente, ainda mais em uma época na qual a comunicação e o transporte eram mais demorados.

Por isso, na primeira temporada da F1, em 1950, a maior parte da disputa tida ‘mundial’ teve a Europa como sede. Apenas uma etapa naquele ano foi fora, na América do Norte: as 500 Milhas de Indianápolis.

As estrelas já estavam lá: esse de camisa preta na foto, junto do piloto Pat Flaherty e da equipe Granatelli, é o astro Clark Gable (Foto: reprodução / IMS)

A escolha pela Indy também fazia sentido. Os Estados Unidos tinham uma cena automobilística pungente já naquela época, ainda que centrada em si mesma. As 500 Milhas eram o principal expoente disso, movimentando muita atenção e, em menores proporções em relação a hoje, muito dinheiro. Um campeonato europeu que quisesse minimamente alcançar um caráter global ganharia esse selo com a prova.

Curiosamente, a Indy 500 já tinha um regulamento completamente diferente do resto da F1, inclusive na parte técnica. Carros, motores e pilotos eram totalmente diferentes – e, vamos combinar, era apenas para inglês ver. Ou, talvez, para o resto do mundo ver.

Em 2020, estavam programados 22 GPs, todos nas Américas, Europa, Ásia e Oceania. O circo passaria por países como Brasil, Singapura, Azerbaijão e Japão. Passaria. O Covid-19 veio e, até o momento, apenas provas europeias estão previstas.

Até agora, em 2020, apenas corridas europeias estão programadas (Foto: Racing Point)

É provável que o Liberty Media, dono da categoria, expanda esse calendário para até 15 corridas, ainda com GPs de Abu Dhabi e China. Mesmo assim, o ano de 2020 vai ganhando um gostinho de 1950.

Ah, uma curiosidade: de acordo com o regulamento esportivo da FIA, atualmente um campeonato é considerado ‘mundial’ se tiver provas em ao menos três continentes. Resta saber se a pandemia poderá criar uma brecha para isso não ser cumprido neste ano, caso seja necessário. 

Poucas etapas

Em seu primeiro ano, a F1 teve apenas sete corridas: Inglaterra, Mônaco, Indy 500, Suíça, Bélgica, França e Itália. Até agora, o ano atual segue com dez – bem menos do que as já citadas 22 que estavam previstas.

Como dito, o ano deve ter algo por volta de 15 GPs. O dobro de 1950, mas no nível do que a F1 corria entre final dos anos 1970 e começo dos 1980. 

Começando na Europa

A mudança no calendário ainda rendeu uma outra coincidência com 1950: ambos as temporadas começaram na Europa. Agora, na Áustria. No começo, na Inglaterra.

Para você ter uma ideia, isso não acontecia desde 1966 – quando o ano foi aberto com o GP de Mônaco.

Vale mencionar, também, que os dois calendários começaram “tarde” no ano. Em seu primeiro ano, a categoria máximo do automobilismo foi só correr em 13 de maio. Neste ano, o primeiro GP foi em 5 de julho.

Ferrari em má fase

Ok, talvez seja um exagero dizer que a Ferrari estava em uma fase em 1950. Na verdade, ainda era tudo novo e muita coisa ainda estava se acertando. A Scuderia, por exemplo, perdeu a primeira etapa porque estava discutindo os valores que receberia por se inscrever nos GPs.

Para piorar, os três carros do time abandonaram na Suíça, quarta etapa do campeonato – e, claro, os italianos não participaram da terceira, a Indy 500. No primeiro GP da França válido pelo mundial, a Ferrari desistiu da prova ainda nos treinos.

Acidente Ferrari GP da Estíria (crédito: Twitter / @F1)
Tanto 1950 quanto 2020 não são bons anos para a Ferrari (Foto: Twitter / F1)

Corta para 2020. Após duas etapas, a Ferrari vive um péssimo ano. Após um abandono duplo na segunda etapa, o GP da Estíria, a equipe italiana está em quinta no campeonato. Definição clássica para uma má fase. 

Curiosamente, a Ferrari é a única equipe daquele primeiro ano que continua até hoje na Fórmula 1. Vale lembrar que a atual Alfa Romeo nada mais é do que um patrocínio à ex-Sauber pela marca, que agora pertence à Fiat Chrysler. 

Domínio de uma equipe

Outra coincidência é que as duas temporadas são caracterizadas pelo domínio de uma equipe. Em 1950, ela vestia vermelho e atendia pelo nome de Alfa Romeo.

A Alfa era o bicho-papão do automobilismo naqueles tempos, e tinha um carro e pilotos incríveis. O time contava com Juan Manue Fangio, Giuseppe Farina e Luigi Fagioli – com Fangio e Farina dividindo entre si todas as poles e vitórias do ano. Só a Indy 500, por motivos óbvios, teve um vencedor que não usasse um caro da Alfa.

No final, foi Farina que levou o troféu.

Em 2020 é a Mercedes que dá as cartas. Nas duas primeiras corridas foram os pilotos do time que venceram, algo que deve se repetir em boa parte das etapas do ano.

2020 vem sendo o ano da Mercedes (Foto: AFP)

Curiosamente, nenhum dos times corre com a bandeira do Reino Unido – ainda que a Mercedes tenha sede na Terra da Rainha.

Claro, no papel todas essas coincidências ainda são pequenas e a F1 de hoje é muito diferente daquela de Fangio e Farina. Ainda assim, é curioso encontrar algumas semelhanças no ano em que a categoria comemora sete décadas, não é mesmo?

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